Crédito para PMEs: o papel dos FIDCs

26 de novembro de 2020 às 0h07

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Crédito: USP Imagens

Lucas Lima*

Dificuldades no acesso ao crédito bancário têm sido uma constante na vida das pequenas e médias empresas, mesmo antes da pandemia do Covid-19. A pesquisa Sebrae/FGV (1) mostra que, apesar de todos os problemas ocorridos com as medidas restritivas ao funcionamento normal das atividades econômicas, até o mês de maio menos de 40% das PMEs haviam tentado recorrer a bancos para obter empréstimos. Se não o fizeram, mesmo precisando de recursos (46% relataram interrupção no funcionamento normal), é um claro indício das dificuldades no acesso a recursos bancários historicamente percebidas pelas PMEs.

Apesar da pesquisa mais recente indicar uma melhora nesse percentual (50%) somente 31% das PMEs tiveram seus pedidos aprovados. Trata-se de mais um dado que comprova a dificuldade para obterem crédito junto ao sistema financeiro tradicional, mesmo com a existência de programas governamentais como o Pronampe, em que o governo cobre 85% das perdas totais das carteiras dos agentes financeiros (a nova fase desse programa cobrirá apenas 25%(2)).

A importância das PMEs é um fato: existem no Brasil 6,4 milhões de empresas, sendo que 99% são micro e pequenas empresas, as quais respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado (3). Condições adequadas de funcionamento e crescimento são primordiais, e dentre elas o acesso a crédito tem um papel fundamental.

Nesse sentido, o papel dos FIDCs tem sido importante ao permitir às PMEs um canal adequado de financiamento de capital de giro, oxigênio básico para o dia a dia das empresas. E, não só diretamente por meio das operações de desconto de recebíveis, via os chamados fundos multissacado-multicedente, mas também, como tem ocorrido em anos recentes, via o provimento de funding para fintechs que atuam na concessão de empréstimos. Estas configuraram-se como uma excelente alternativa aos bancos tradicionais, viabilizando crédito de forma mais ágil e menos burocrática e encontraram nos FIDCs um parceiro ideal, que traz para esse cenário os investidores que aplicam nesses fundos, propiciando uma desintermediação bancária.

Vale destacar que os FIDCs multissacado-multicedente mostraram, durante a pandemia, capacidade de resistência a um momento de crise aguda. De acordo com reportagem do Valor(4), os montantes normalmente relativos às aquisições de recebíveis caíram de R﹩ 9 bilhões para R﹩ 4,4 bilhões (maio/20), mas começaram a se recuperar em seguida, chegando a quase R﹩ 7 bilhões (julho/20). Renegociações foram feitas, redirecionamentos de operações (para setores menos afetados pelo fechamento dos estabelecimentos) foram efetivados, e o resultado é que o setor soube administrar bem a fase mais difícil da crise.

Outro ponto relevante é a importância dos FIDCs para os chamados investimentos de impacto, em que o investidor busca não apenas o retorno financeiro, mas também contribuir com causas socioambientais. Esses tipos de fundos são estruturados junto a empresas voltadas para a área da educação, saúde, proteção ambiental, geração de energias sustentáveis, entre outras.

*Administrador de empresas e pós-graduado em Gestão de Negócios  llima@empiricainvestimentos.com.br

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