EDITORIAL | A vez das ferrovias

21 de maio de 2022 às 0h30

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Crédito: Divulgação

Detalhes do plano de investimentos da MRS Logística, a ser cumprido na hipótese de aprovação do pedido de renovação antecipada, por mais 30 anos, da concessão de suas linhas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no total de 1,6 mil quilômetros, foram conhecidos na semana que termina. A empresa se compromete, conforme dados já em poder do Tribunal de Contas da União (TCU), a investir, no período, R$ 31 bilhões, sendo R$ 21 bilhões em obras, cabendo a Minas Gerais R$ 12 bilhões. Desses recursos, conforme o DC antecipou, a maior parcela está reservada à construção de  ramal de 12 quilômetros, fazendo a ligação entre Igarapé e o ramal do Paraopeba, em Brumadinho, viabilizando a construção de um Terminal Integrador na primeira cidade, próximo à BR 381, com capacidade para movimentar 2 milhões de toneladas/ano,  equivalentes a 100 mil contêineres.

São projetos da mais alta relevância, principalmente porque sugerem uma mudança essencial, com a possibilidade de que a MRS venha a diversificar suas atividades, quebrando o monopólio de minérios e grãos e passando a incluir cargas diversas, num volume expressivo. Para o sistema logístico brasileiro, e justamente na área de maior movimentação, poderá vir a ser um salto de qualidade, com repercussão nos custos e, sobretudo, na excessiva dependência do transporte rodoviário, situação que ainda agora – e mais uma vez – coloca o País de joelhos com a ameaça de paralisação dos caminhoneiros. Por mais que tenham razão, por mais que o preço do diesel tenha sido majorado para além do absurdo, não é nada razoável prosseguir nessa dependência, disfuncional e antieconômica.

Na realidade, seria preciso avançar muito mais, corrigindo-se o erro estratégico em nada justificável, o que no caso da malha ferroviária significaria também criar condições para recuperar o transporte de passageiros, em que se repetem as vantagens que podem ser resumidas numa única palavra, racionalidade. Num projeto que se desdobra por três décadas e cobre a região mais rica e densamente povoada do País, é de se estranhar a falta de qualquer referência à questão, contrariando inclusive planos já propostos pela administração federal, buscando melhor equilíbrio e integração dos diversos modais.

País sempre lembrado como de dimensões continentais, o Brasil, equivocadamente, tomou como sinal de modernidade e progresso as rodovias e caminhões, pior ainda, reduziu e sucateou a malha ferroviária, abandonando o transporte de passageiros. Hoje pagamos, todos, o preço destes erros e enxergá-los será o primeiro passo para sua correção.

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