EDITORIAL | Acordo, desafio e oportunidade

6 de julho de 2019 às 0h02

img
Crédito: Alan Santos/PR

Depois de 20 anos de discussões que pareciam intermináveis, o Mercosul e a União Europeia formalizaram um acordo de livre comércio, cuja efetiva implementação depende agora da ratificação parlamentar. Para o Brasil, em particular, é uma oportunidade, mas igualmente um tremendo desafio. Trata-se sim, em tese, de livre acesso a um mercado de mais de 700 milhões de consumidores, predominantemente de elevado poder aquisitivo, aos quais temos ofertado predominantemente, matérias-primas, alimentos e produtos de baixo valor agregado, enquanto da direção contrária chega aos nossos portos produtos industrializados e de alto valor agregado.

Superar, ou reduzir substancialmente, este desbalanço passa a ser, uma vez abertas as fronteiras comerciais, questão de extrema relevância para a economia brasileira, sendo ainda mais urgente elevar a competitividade da produção local, seja pela redução da burocracia e da carga tributária, seja pelo estímulo à inovação à pesquisa e qualificação profissional. Um esforço, em síntese, contrário às políticas públicas. Mantidas essas condições o País correrá riscos e sua indústria, que vem encolhendo, poderá ser sufocada, incapaz de concorrer com os produtos que vêm de fora. Sem mudanças rápidas, sem que o País se modernize como reclamou o presidente da Associação Comercial de Minas, Aguinaldo Diniz, em artigo publicado nesse jornal, os riscos poderão ser maiores que os benefícios esperados.

Um alerta oportuno nesse momento ainda de euforia, quando são percebidos e destacados os potenciais benefícios, como o já apontado incremento de 87 bilhões de dólares no Produto Interno em 15 anos, sem que seja percebido o desequilíbrio estrutural ainda existente entre os parceiros de um e de outro lado do Atlântico. A competição, nas mesmas condições, entre desiguais, não tem como ser sustentada, nem mesmo equilibrada. De qualquer forma, a aproximação que está sendo proposta poderá funcionar como um impulso, acelerando o processo de mudanças há tanto reclamado, desfeitos afinal os nós que amarram a economia brasileira.

Concluindo e repetindo Aguinaldo Diniz, o acordo desenhado “exigirá que o Brasil se torne um país competitivo, capaz de superar as muitas barreiras que hoje tolhem a iniciativa privada no desempenho efetivo de seu papel na busca do desenvolvimento”. Mudar, avançar, desobstruir os gargalos que reduzem a eficiência e a competitividade, é a outra face da moeda que nos está sendo apresentada e, se assim for percebida, poderá garantir ao País ganhos muitíssimo maiores que aqueles já apontados, podendo significar sua inserção definitiva nos mercados globais, em condições mais estáveis, permanentes e, sobretudo, equilibradas.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail