EDITORIAL | Afinal, quem paga a conta?

30 de novembro de 2019 às 0h02

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Crédito: Gil Leonardi/Imprensa MG

Em Belo Horizonte, esta semana, políticos se reuniram na Assembleia Legislativa, em mais uma manifestação contra projeto do governo federal de extinguir municípios – que seriam incorporados a seus vizinhos – com população inferior a 5 mil habitantes e receitas próprias que não cobrem mais que 10% das despesas. O que se propõe é algo que já deveria ter sido feito, ou melhor, a correção de mais uma sucessão de absurdos que não deveriam ter existido.

Quem agora se rebela, fingindo ignorar que a situação que foi criada tem íntima e direta relação com ambições políticas e econômicas mal disfarçadas, ao mesmo tempo em que contraria a obrigação, elementar, de assegurar o bom destino dos recursos públicos, não faz mais que confirmar uma visão distorcida, absolutamente desconectada do interesse público. Desejam, exclusivamente, manter prefeitos nos seus postos e, junto com eles, vice-prefeitos, secretários, vereadores e toda a corte de funcionários, não raro afilhados, que costuma acompanhar essa gente, alimentando com votos deputados e senadores.

Por mais incrível que ainda possa parecer, nenhuma palavra sobre o custo da empreitada que apoiam e defendem, nenhuma palavra sobre a falta de razoabilidade, especialmente diante da conhecida fragilidade das finanças públicas, de se tentar manter vivos municípios que, comprovada sua condição financeira, foram criados artificialmente, na mais inocente das hipóteses para alimentar vaidades, mas não tem como se manter de pé. Nada, absolutamente nada, sobre o custo dessa aventura, sobre a economia que poderia ser feita e, inclusive, sobre os possíveis ganhos para os habitantes dessas localidades, com possível melhor atendimento às suas demandas básicas.

Nada em resumo em que se possa perceber a necessária e real conexão com o interesse público, embora espertamente não faltem também quem afirme que a medida pretendida é arbitrária e até antidemocrática, defendendo assim que, pelo menos e antes de uma decisão final, seja feita consulta formal aos habitantes dos municípios que desapareceriam. Um conceito absolutamente falso de democracia e de participação, pura demagogia e tentativa de tirar partido da vaidade – e ilusão – da população que tende a valorizar sua ilusória emancipação. Houvesse alguma coerência e seria o caso de se indagar também, nessa possível consulta, que propostas teriam os votantes para garantir a sobrevivência econômica dos municípios que julgam ter direito a vida própria.

Tudo isso, para concluir, é mais um exemplo entre tantos da má gestão pública que levaram o País às dificuldades atuais.

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