EDITORIAL | Chantagem Americana

5 de dezembro de 2020 às 0h10

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Crédito: Freepik

A tecnologia 5G promete ser uma revolução, remetendo a informática, o processamento de dados, a um patamar que não teve espaço nem mesmo na mais imaginosa ficção científica. Tudo isso com possibilidades que não podem ser ainda imaginadas por inteiro, mas certamente representarão uma revolução no conhecimento em todos os campos da atividade humana.

O acesso a esta tecnologia será, portanto, crucial, para o bem e para o mal, o que ajuda a explicar as preocupações do já defenestrado presidente Donald Trump, que talvez enxergue nesse campo a chance, única, de deter os avanços da China, que caminha rapidamente para chegar à condição de maior economia do planeta, com avanços equivalentes na ciência, no conhecimento e no poderio militar.

Uma guerra de gigantes, mas que, muito provavelmente, não produzirá os efeitos desejados pelo quase ex-presidente dos Estados Unidos. A aliança que ele imagina, usando mais uma vez argumentos que até fatos pretéritos desmentem, não sensibiliza países independentes que tanto preferem ficar distantes do fogo cruzado como sabem perfeitamente que, nesse campo, a China já passou à frente, dispondo de tecnologia mais avançada e mais barata.

Só o governo brasileiro parece não perceber, fingindo acreditar que os riscos de espionagem alegados por Trump remetem exclusivamente às ações dos Estados Unidos, não faz muito pilhado espionando eletronicamente aliados como a Alemanha e até mesmo a então presidente Dilma Rousseff.

Definitivamente não existem espaços para alianças incondicionais, muito menos aquelas, como no caso, cimentadas com pressões que beiram a chantagem. Do ponto de vista estratégico e do ponto de vista prático, como acabam de lembrar empresas de telecomunicações que operam no País, que ameaçam recorrer à Justiça caso o governo caminhe mesmo para impedir a chinesa Huawei de fornecer tecnologia 5G.

E com um forte argumento: metade dos equipamentos utilizados nos sistemas 3G e 4G já em operação são fornecidos exatamente pela empresa chinesa, hoje líder mundial nesse campo. Por óbvio, a nova etapa será montada a partir da infraestrutura disponível. Fazer diferente, a estas alturas, seria o mesmo que começar do zero, perdendo tempo e dinheiro.

Mudar essa trajetória, com prejuízos e riscos que o País não deve e não precisa correr, inclusive com danos colaterais que não podem ser sequer avaliados uma vez que não há como imaginar como os chineses, maiores investidores no País e maiores parceiros comerciais, reagiriam a explícita hostilidade. Portanto, decisão muito importante para ficar nas mãos e nos humores de uma única pessoa.

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