EDITORIAL | Faxina a ser feita

1 de julho de 2022 às 0h30

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Crédito: Adobe Stock

Não será preciso recontar a reforma de Lutero, no século XVI, para mostrar como a própria Igreja Católica, com seus abusos e excessivo poder, ajudou a alimentar a reforma protestante e suas consequências, transformadoras e positivas. Também não será preciso dar um salto no tempo até chegar a segunda metade do século passado, ou pouco antes, quando dissidências no movimento protestante abriram espaço para as chamadas igrejas pentecostais, numa abertura que cedo se revelou descontrolada, em alguns casos descabida, inclusive nos seus desdobramentos políticos e onde é bastante difícil perceber traços verdadeiros da doutrina cristã.

Este processo, que por alguma razão ganhou força e velocidade no Brasil, em alguma medida certamente por conta do dogmatismo católico que ao invés de aproximar apartava fiéis, claramente se revelou nefasto. Enquanto igrejas e denominações se multiplicavam, numa situação que chegou a ser de explícito comércio, em que igrejas, seu único pastor e seu rebanho são vendidos pela melhor oferta, houve paralelamente um oportunismo político de que muitos se aproveitaram. As ovelhas desgarradas facilmente se perderam na ilusão do encontro de uma mão amiga e protetora, prometendo milagres à custa de pagamento. E tudo tolerado, tudo permitido, mesmo sendo visíveis as ilicitudes, em nome de alegada liberdade religiosa.

Com o terreno ocupado, veio a ofensiva religiosa que já nos anos 70 do século passado era identificada e apontada como um risco. Um rebanho abandonado, dócil e de fácil captura, massa política para manobras que aí estão hoje à vista de todos, no qual favores governamentais supostamente podem ser trocados por barras de ouro, conforme sugere escândalo que aos poucos vai sendo desvendado, tendo como palco o Ministério da Educação, impropriamente transformado em fornecedor de bíblias, se não de favores que sombras ainda tentam ocultar.

Nossas observações não visam a nenhum dos apontados, por certo pouco ou nada sensíveis a ponderações do tipo. Devemos sim chamar atenção para as denominações sérias, tradicionais e respeitáveis, braços verdadeiros da reforma de Lutero, que estão sendo usadas, ou exploradas, abusivamente até ao permitir, pelo silêncio, que certos indivíduos se intitulem “pastores”, o que absolutamente não são. Não pode continuar existindo pudor, acanhamento ou omissão na tarefa de denunciar tantos e continuados abusos em nome de uma fé que não existe e de uma doutrina que mira exclusivamente o ganho e o poder.

Lembrando a Bíblia, para quem respeita seus ensinamentos, passou da hora de expulsar os vendilhões do templo.

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