EDITORIAL | Jornalismo de mentira

6 de fevereiro de 2021 às 0h24

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Crédito: Pixabay

O conceito vem de longe, de novo não tem nada a não ser as ferramentas que o potencializa, sem investimentos relevantes e custos baixos. Jornalismo marrom, como se dizia no passado em referência a jornais e outros veículos que vendiam seus espaços jornalísticos, atacando ou elogiando ao sabor dos agrados recebidos ou não.

Chantagem explícita que poderia alcançar, e de fato alcançava, desde um vereador perdido nos confins do país até o próprio presidente da República. Tudo isso movimentando dinheiro na escala dos interesses em causa, podendo envolver multinacionais e até governos estrangeiros.

Se no tempo do Império os chamados pasquins então em circulação faziam a mesma coisa e eram respondidos com a mesma moeda, não faltando documentação e registros dos escritos de D. Pedro I, que com pseudônimos publicava jornais com artigos de sua lavra, hoje o sistema parece ser mais democrático, não se limitando apenas ao andar de cima. Vem do Rio de Janeiro curiosos relatos a respeito de uma empresa que se apresenta como de marketing e controla um conjunto de 25 páginas na internet e mais 60 perfis falsos em redes sociais, tudo isso com o alcance suposto de 700 mil pessoas.

A tal empresa evidentemente não está sozinha nesse mercado e seu jogo é simples e direto. Os alvos – vereadores, prefeitos e deputados – poderiam ser elogiados ou atacados, dependendo da disposição de cada um de abrir as respectivas carteiras. Chantagem absolutamente explícita, ilustrando mais uma vez o uso impertinente das novas mídias, havendo também registro de casos em que os alvos são geralmente empresários, abordados – e cobrados – sob alegação de supostas infrações às leis de consumo ou de proteção ambiental. Quem paga sai da mira, é claro. Aos rebeldes estão reservadas difamação no pior estilo, tudo postado a partir de endereços no exterior.

Estes empresários, alguns se apresentando como “jornalistas”, também se ofereciam para retirar conteúdo negativo da internet e, como regra, captado o cliente, os textos negativos desapareciam imediatamente, podendo voltar caso os pagamentos fossem interrompidos. Os casos anotados ocorreram no Rio de Janeiro e investigações estão em curso, mas é difícil acreditar que expedientes semelhantes estejam acontecendo em todo o País, manchando ou limpando reputações sob pagamento.

E tudo isso para reforçar a convicção de que a internet, a comunicação eletrônica em suas diversas formas, não pode continuar sendo terra sem dono, sob riscos que a cada dia que passa são maiores e mais evidentes.

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