EDITORIAL | Lições para não esquecer

17 de abril de 2021 às 0h23

img
Crédito: Wilson Dias/Agência Brasil

Nada como um dia depois do outro, conta a sabedoria popular. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, professor e intelectual muito respeitado, chegou ao Planalto portando tal reconhecimento e esperanças para os brasileiros. Rapidamente picado pela mosca azul, imaginou que um segundo mandato viria a calhar e para obtê-lo fez tantas concessões que chegou a pedir que esquecessem tudo que havia dito e escrito. Todos pagamos caro pelo deslize, pelo abandono da prometida reforma política que, se realizada, muito provavelmente nos teria livrado de boa parte dos problemas que hoje parecem sem solução.

Fato é que o tempo passou e FHC, que recebeu a alcunha de príncipe por seus modos e elegância, volta a ser, mesmo que seus pecados não sejam esquecidos, uma referência para a política brasileira. Num quadro de virtual indigência, uma voz a ser escutada, uma referência quando recomenda, como fez em recente artigo, que devemos todos dizer, com firmeza, sim ao que queremos e não ao que nos assusta. Não é hora de calar nem de fazer algazarra, diz o ex-presidente. Defendamos a Constituição, prossegue, apoiando quem for capaz de apresentar aos brasileiros um programa de ação realista, que permita juntar ao redor dele os partidos e as pessoas para formar um centro, que seja progressista social e economicamente. Centro que não pode ser anódino, diz FHC, terá lado, o da maioria, o dos pobres; mas não só, também dos que têm visão do Brasil e os que são aptos para produzir.

E completa: é hora de promover a junção das forças capazes de se contraporem a eventuais estrebuchamentos autoritários, antes que surjam propostas que nos levem a eles. Se cada brasileiro se dispuser a falar e a agir, é de se esperar um futuro melhor porque na política como na vida, ou se acredita que é possível mudar e obter algo melhor, ou se morre por antecipação. Continuemos pois vivendo, propondo mudanças sempre com a expectativa de que elas podem ocorrer e com elas o Brasil ficará melhor, conclui. O ex-presidente teve dois mandatos para fazer o que agora recomenda, mas nem por isso deve deixar de ser ouvido, sobretudo se, numa espécie de penitência, reunisse também força e coragem para apontar os motivos, ou circunstâncias, que o desviaram do caminho mais coerente com seu passado e com suas promessas de candidato, como tantos outros antes e depois dele.

Certo é que agora falamos de ponderação, de equilíbrio, de compromisso sincero com tudo aquilo que possa significar o melhor para o Brasil e para os brasileiros.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail