EDITORIAL | Mudando para melhor

7 de maio de 2021 às 0h23

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Crédito: REUTERS/Ueslei Marcelino

Numa recaída absolutamente fora de timing, o ministro Paulo Guedes, talvez por não ter nada melhor para dizer e claramente, sem medir consequência, afirmou, ou reafirmou, que o chineses inventaram o coronavírus. Tanto pior que, numa reunião palaciana, o titular da Economia não sabia que sua fala poderia estar sendo gravada, como estava.

Guedes, por obrigação da larga experiência como banqueiro e, agora mais ainda, como uma das figuras centrais na gestão federal, deveria saber medir palavras, sobretudo quando falando do maior parceiro comercial do Brasil, além de grande investidor e dono da matéria-prima que ainda nos dá pelo menos esperança de acesso às vacinas que tanta falta nos fazem, tanta falta fizeram particularmente aos já mais de 400 mil alcançados fatalmente pela pandemia.

Definitivamente não é hora de brincar com a sorte, sem que se possa imaginar que proveito alguém possa tirar da situação. Felizmente que alguma coisa mudou, e mudou para melhor, no Ministério das Relações Exteriores, até há pouco epicentro das manobras desastradas que colocaram a diplomacia brasileira abaixo da crítica, num processo de isolamento intencional, nada inteligente por sinal porque nem mesmo parecia obedecer a qualquer espécie de estratégia.

O chanceler Ernesto Araújo já se foi e o atual, Carlos França, parece trabalhar com gosto e profissionalismo na reconstrução da terra devastada. Algo que não está sendo percebido ou destacado como deveria, mas que faz uma grande e saudável diferença.

Assim, somando diplomacia com papel de bombeiro, no dia seguinte à fala de Guedes ele já procurava o embaixador chinês para levar suas desculpas e satisfações, com o cuidado de antes declarar que “a China é um parceiro- chave nessa questão e que continua conversando sobre o fornecimento de insumos para a produção local.

O embaixador confirmou as conversas e disse que as suas partes concordaram em reforçar ainda mais a confiança política mútua, num ambiente sadio e amigável para implementar o consenso. Sem lugar para dúvida, tudo isso significa uma marcante mudança de estilo, com o chanceler brasileiro pontuando que “o vírus é um inimigo que afeta todo mundo, independentemente da ideologia. A maneira de enfrentá-lo é com solidariedade e cooperação internacional”.

Sim, nesse quesito, que hoje nos é fundamental, o governo brasileiro mudou muito, mudou rapidamente e para melhor. Cabe esperar, nos dias e semanas cruciais que estão pela frente, que não haja recuos ou cascas de banana jogadas no chão sem que se saiba exatamente por que ou com que intenções. Porque o Brasil, nessas alturas, não pode se dar ao luxo de continuar errando tanto e tão primariamente.

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