EDITORIAL | Nunca é tarde para aprender

25 de maio de 2022 às 0h30

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O presidente também disse que a eventual venda da estatal dependeria de uma modelagem correta | Crédito: Sergio Moraes/Reuters

O tema é recorrente e não abandona a pauta das eleições, além de ser uma das obsessões do atual presidente, que prometia algo como uma grande liquidação de empresas estatais e pouco avançou e ainda agora repete a cantilena da venda da Petrobras. Muitos concordam, repetem, às vezes corretamente, outras nem tanto, que as estatais são incompetentes e fontes de corrupção. E propõem, bem-intencionados, corrigir o erro, ainda que cometendo outro maior ainda. Para não falar dos dias que correm e não recuar muito no tempo, fiquemos nas privatizações comandadas pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ele dizia que com as vendas liquidaria as dívidas do País, melhoraria a competição e, assim, os serviços, além de reduzir preços e tarifas, livrando o Estado brasileiro de um peso indesejado. Interessante, indesejado na perspectiva de alguns, mas ao mesmo tempo muito cobiçado por investidores que geralmente sabem muito bem o que fazem. Afinal, como recusar um presente como a então Companhia Vale do Rio Doce, vendida por um preço que hoje corresponde a menos que seu lucro líquido num trimestre? E quem se lembra hoje dos ganhos da Petrobras antes de taxá-la de ineficiente e berço da corrupção? Não seria o caso de alguém menos preguiçoso enxergando erros pensar em corrigi-los? Ou como aceitar, sem enxergar que existe algo de muito errado quando é proposta a venda até de empresas de saneamento, como se fosse aceitável esgotos se transformarem em fonte de lucro para empresas privadas?

Essa cantilena, amplificada no atual governo, e defendida também como sinônimo de modernidade, coisa de países avançados, caducou até neste sentido. No mundo desenvolvido, na Europa principalmente, as discussões hoje tomaram a direção contrária, com Alemanha, França e Inglaterra, justo os países mais ricos do Continente, trabalhando para estatizar novamente as empresas que consideram estratégicas, como as de energia elétrica. No caso brasileiro, como muito bem lembra o engenheiro Aloisio Vasconcellos, ex-presidente da Eletrobras, um dos pontos a considerar, sem ilusões ou promessas que não se cumprem, é o controle das águas.

Não é tudo. A pandemia e, até certo ponto, agora a guerra na Ucrânia ajudaram a fazer ver que a ideia do Estado mínimo embute riscos que não devem ser desconsiderados, posto que ameaçam suprimento e autonomia de quem não soube, ou não sabe, ser previdente. Já foi dito que nosso planeta está mudando e mudará ainda muito mais. Que seja na direção do entendimento e da colaboração, nunca da exploração que produz riquezas para uns poucos e pobreza para a maioria.

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