EDITORIAL | O suspense nos Estados Unidos

4 de novembro de 2020 às 0h15

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Crédito: REUTERS/Carlo Allegri

Pesquisas de opinião acreditadas apontam como mais provável a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, com uma diferença apertada a seu favor, que pode não chegar, contados todos os votos no intrincado sistema local, aos 7%. Uma tendência que vem sendo mantida há meses, sem grandes variações, embora a quantidade de votos pelo correio, um recorde, tenda a pesar a favor do democrata.

O presidente Donald Trump, por seu turno, continuou até o último momento preferindo acreditar em surpresa, esperando que aconteça o mesmo que aconteceu nas eleições passadas, quando a favorita nas pesquisas, Hillary Clinton, acabou perdendo a cadeira presidencial para o mesmo Trump, que agora corre por um segundo mandato.

Como o sistema além de complexo, ou por isso mesmo, é lento, tudo indica que os próximos dias e semanas serão mais que, simplesmente, de suspense. Trump, no seu melhor estilo, não perdeu ocasião para colocar em dúvida a integridade do sistema, dando a entender, ou mais que isso, pouca ou nenhuma inclinação a aceitar qualquer coisa que não seja a própria vitória.

Um possível impasse e de consequências absolutamente imprevisíveis, num quadro de divisão e de radicalização, situação que os estudiosos dão como inédita, havendo inclusive quem não descarte a possibilidade de algum tipo de ruptura, ameaçando a até aqui mais estável das democracias ocidentais.

Um problema, com seus riscos incontáveis, que deixa de ser interno e não diz respeito exclusivamente aos cidadãos daquele país. Qualquer abalo mais sério na primeira economia do mundo e que é, ao mesmo tempo, a maior potência militar, evidentemente impactará a tudo e a todos, com consequências que desafiam a própria imaginação.

Com o planeta enfrentando a mais grave pandemia em mais de cem anos, com a economia fortemente abalada e, presentemente, com os temores crescentes de uma “segunda onda” da Covid-19, uma desestabilização a partir dos Estados Unidos é risco incomensurável, mas que não pode estar longe dos radares, uma vez que explicitamente mencionada pelo atual presidente em diversas ocasiões.

Seja como for, encerrada a votação nas suas primeiras e decisivas etapas, cabe agora, não só aos norte-americanos, mas ao mundo inteiro, acompanhar com máxima atenção e vigilância, com plena consciência do que está em risco, o longo processo de apuração até a contagem final. Para não permitir, em nenhuma hipótese que os valores defendidos pelos chamados “pais fundadores” dos Estados Unidos sejam a qualquer título agredidos ou desviados.

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