EDITORIAL | Preço da aventura

23 de junho de 2022 às 0h30

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Crédito: Freepik

Nunca faltaram evidências de que toda a articulação política que culminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi movida muito mais pela ambição que pelas virtudes então abertamente apregoadas. E da mesma forma que os processos judiciais então movidos, repletos de vícios, tinham como objetivo único abrir espaço na eleição de 2014, removendo o candidato que então aparecia como imbatível, mas, ardilosamente, deixando brechas que mais tarde ajudariam, como ajudaram, a livrar os próprios autores do golpe de um destino indesejado.

Os resultados de tudo isso são hoje bem conhecidos e devem ser examinados numa perspectiva prática. Afinal, em termos objetivos, econômicos, quanto teria custado este desvio? Com toda certeza, muito mais que a corrupção, que existiu e continua existindo, espécie de erva daninha que não é arrancada justamente porque os que poderiam fazê-lo são exatamente os que dela mais se beneficiam. Da mesma forma que não estaria solto o deputado que, na Bahia, transformou um apartamento inteiro numa espécie de cofre para guardar o produto de suas atividades ilícitas. Nesse balanço também não podem deixar de ser incluídas as grandes empresas de engenharia que foram devastadas, o know-how perdido e a devastação na economia, também num movimento muitíssimo bem articulado e iniciado ainda durante o governo Dilma.

Pelo menos aqueles que, de boa fé, se indignaram com a corrupção, mas não perceberam o real significado da campanha da qual não se ouve mais falar, deveriam fazer estas contas, correspondentes ao tamanho da irresponsabilidade dos que ajudaram a construí-las, fazendo o Brasil regredir, hoje exibindo indicadores que equivalem aos de até 30 anos passados. Retrocesso econômico, retrocesso social, retrocesso na educação, na saúde, nos cuidados ambientais, na segurança, na oferta de serviços públicos e muito mais. Quanto terá custado tudo isso, qual teria sido afinal o preço das ambições desenfreadas?

A pergunta não remete exclusivamente ao passado, não está ancorada apenas no desemprego, redução da renda, da produção e do consumo. Cabe indagar também quanto tempo, possivelmente quantas gerações, será necessário para que o Brasil possa pelo menos recuperar os indicadores que já havia alcançado, recuperando seu lugar entre as nações mais ricas do planeta. Eis o preço que a maioria dos brasileiros está pagando por sua omissão ou indiferença do passado.

Respostas honestas necessariamente implicarão nas mudanças que são necessárias, que devem ser imediatas e necessariamente passarão pela eleição de outubro.

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