EDITORIAL | Sem mudar, nada feito

31 de março de 2021 às 0h23

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado/File Photo

Primeiro aos mais necessitados, é claro, milhões de brasileiros que estão abaixo da linha de pobreza, os sem emprego e renda. A crescente legião de moradores de rua, também os que têm a ilusão de um teto mas não tem o que comer. O Brasil empobreceu com uma velocidade inesperada, fruto de muitos erros cometidos e potencializados pela pandemia. A recuperação tão aguardada, todos sabemos, será lenta e imprevisível. Milhões não têm como esperar, precisam de assistência e não da ameaça, talvez muito conveniente para alguns, de que podemos estar no limiar dos saques e da desordem.

É preciso, simplesmente, enxergar a realidade para com empenho, disciplina e bom senso enfrentá-la. É preciso também ter em conta de que não se trata, simplesmente, de oferecer o mínimo a quem não tem nada ou quase nada, ainda por cima em termos provisórios e incertos. Alguém já disse, com propriedade, que, completada a etapa da vacina e vencidos os riscos maiores, a solução verdadeira está na oferta de empregos e não na oferta de esmolas. Elementar e significa lembrar, ou relembrar, que outras camadas da população brasileira também pedem socorro urgente. Micro e pequenos empresários, até médios principalmente, que igualmente já esgotaram suas forças, sem contar os que já sucumbiram, aí contados também os desempregados de melhor qualificação.

Levantar a economia, como é preciso, não significa em primeiro lugar atrair novos investimentos e novos empreendimentos, como muita gente pensa. Mais racional será dar suporte a quem já está atuando, porém com o entendimento claro e objetivo de que não se trata de repetir, quase no automático, velhos programas de fomento que se revelaram ineficazes, oferecendo crédito a juros que não podem ser pagos ou facilidades que, sistematicamente, a burocracia cuida de exterminar, como se estivessem todos apenas jogando para a plateia.

A situação é inédita e as soluções necessariamente também terão que ser inéditas, com apoio real, consistente, a quem é capaz de gerar riquezas, gerar trabalho e renda, além de tributos que não sejam mera ficção.

Empresários têm se mobilizado, embora quase sempre muito timidamente, para apontar seus problemas e pedir soluções. Tem que deixar claro que tornou-se necessário fazer diferente e fazer muito mais para que se possa, de fato, atender aqueles que tiveram suas atividades compulsoriamente interrompidas ou que há mais de ano veem seus esforços minguando.

Repetindo, sem que se entenda a realidade e o tamanho do problema, sem que as respostas sejam aquelas necessárias, a recuperação que o ministro Guedes enxerga no horizonte continuará sendo ilusão e maior a tormenta dos que sofrem.

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