EDITORIAL | Soluções e bom senso

28 de julho de 2020 às 0h15

img
Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O tamanho e a duração dos próximos capítulos são ainda imprevisíveis, a julgar pelos humores no Congresso Nacional onde a possibilidade de uma reforma tributária que produza como principal resultado aumento de impostos, parece fora de cogitação.

Assim disse o presidente da Câmara, depois de receber das mãos do ministro da Economia o que, segundo ele, seria a primeira parte de seu projeto, acrescentando o que a estas alturas já é bastante óbvio para a maioria dos brasileiros: a receita para reequilibrar as contas passa necessariamente pela redução de despesas e é nessa linha que se deve trabalhar.

Numa situação de emergência, em que se imagina que no próximo ano todos os esforços estarão concentrados na recuperação da economia e superação, ainda que parcial, dos efeitos negativos que se acumularam durante o ano corrente, é preciso pensar em soluções, em alívio, reclama o deputado Rodrigo Maia, aproveitando a ocasião para recolocar em pauta a reforma administrativa e voltando a garantir que o exemplo será dado pela casa que preside e onde, lembrou, um segurança tem salário inicial de R$ 14 mil e um advogado inicia a carreira recebendo R$ 19 mil, incrivelmente metade do que ganha, em proventos diretos, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). No seu raciocínio, cortes viáveis, como os que serviram de exemplo, poderão representar, apenas na Câmara, economia anual de R$ 12 bilhões.

Pensar diferente é o mesmo que não enxergar a realidade em que se imagina que pelo menos 2,5 mil empresas deverão entrar em processo de recuperação judicial este ano, enquanto meio milhão de estabelecimentos encerrará definitivamente suas atividades.

Nesse contexto, mostra a consultoria Alvarez & Marçal, o número de desempregados crescerá de 12 milhões para 20 milhões de indivíduos até o final do próximo ano, com forte elevação da informalidade. Um horizonte em que soa como absoluta insensatez qualquer artifício para elevar a carga tributária e, ainda pior, favorecer o setor bancário, conforme desejo explicitado pelo ministro da Economia.

Como foi dito em comentário anterior versando sobre o mesmo tema, parece faltar aos gestores públicos até mesmo senso de realidade, o que os impede, talvez também por conveniência, de enxergar o que se passa e, assim, agirem de forma mais consequente.

Eis porque é de se esperar que exista melhor sintonia entre Executivo e Legislativo e que, a partir da compreensão de que estamos todos diante de uma situação da mais absoluta emergência, possam afinal prosperar ideais que representem solução e não o agravamento dos problemas, porque estes já os temos de sobra.

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail