A administração federal, que anunciaria ontem o programa para recuperação da economia, não esgotou seu estoque de medidas que, além de absolutamente necessárias, são também de forte apelo popular e assim por alguns avaliadas como eleitoreiras.
Não seria o caso, como poderiam sugerir os mais maldosos, da inauguração na sexta-feira de mais uma etapa do complexo de obras de transposição do rio São Francisco, uma barragem que no dia seguinte foi parcialmente rompida. Se pelo menos interesses particulares redundarem em acerto haverá saldo positivo a comemorar.
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Nessa linha, e com uma pressa que chega a produzir também alguma surpresa, a alta administração federal promete mais notícias boas para esta semana. Agora por conta do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que antecipou o anúncio de um novo programa habitacional, destinado a incrementar tanto a oferta de residências destinadas à população de baixa renda, como desobstruir alguns gargalos nessa área. Por exemplo, e conforme antecipado, dedicando mais atenção à regulamentação fundiária. Segundo ele, hoje, metade da população que, em tese, possui casa própria, vive em habitações que não têm escritura pública.
Avanços serão, portanto, muito bem-vindos. E o que se pretende anunciar nos próximos dias não se resume à construção de alguns milhares de unidades residenciais, financiadas, espera-se, com mais senso de realismo. Tivemos avanços relevantes nos últimos anos, porém mais uma vez cabe anotar que faltou a indispensável visão sistêmica, porque os agentes públicos aparentemente não têm como verdade o fato de que uma casa, para de fato cumprir sua finalidade, deve vir acompanhada de água tratada, esgoto, luz elétrica, além de transporte e boas condições de acesso à saúde e educação. Indo direto ao ponto, muito mais que levantar paredes e telhados.
Eis a abrangência esperada e desejada, além de evidentemente necessária, correspondendo a um planejamento que venha acompanhado de conceitos de urbanismo mais humanizados. Tudo isso para que tenham repercussão positiva nas vidas de indivíduos e de famílias, o que significa também contribuir para deter a degeneração que alimenta a violência e a criminalidade.
Nada que seja fácil, tantos são os erros acumulados, mas parte do grande desafio de transformar para melhorar. E um objetivo que, se efetivamente alcançado, legitima eventual reflexo no ânimo dos eleitores, num justo favorecimento a quem acertar.