O número de autores brasileiros independentes é cada vez maior, um sinal claro da vitalidade da produção literária brasileira. A qualidade também aumentou muito. É possível encontrar diversos escritores excelentes, entre os que não se vincularam a nenhuma casa editorial do chamado mercado tradicional. A realidade de tal mercado mudou definitivamente.
Antigamente, publicar um livro era para poucos, geralmente, os beneficiados pela renda ou pela sorte, aí incluídos os que tinham acesso aos meios de comunicação, como os jornais e as revistas. A situação está sendo revertida com o avanço das tecnologias de edição e até de impressão, o que é ótimo. Ninguém mais precisa de uma grande editora para lançar seu livro. Há casas editoriais de todos os portes, sem falar, na possibilidade da autopublicação.
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As iniciativas como a Bienal Mineira do Livro, por exemplo, são fundamentais por proporcionarem espaços importantes também para a divulgação do trabalho do autor independente. Afinal, a cultura literária se alimenta da diversidade. Aí está a sua riqueza e a sua potência. Não há nada melhor que a pluralidade de vozes para dar consistência à literatura nacional.
Ao examinar detidamente o mercado literário brasileiro, observa-se que está em plena e constante transformação, reunindo profissionais cada vez mais qualificados e bem formados, atraindo novos consumidores e propiciando experiências distintas para os leitores. Se, por um lado, há editoras que não resistem a tais mudanças, outras surgem e crescem expressivamente, entre elas, as que investem em outros canais, como as novas plataformas de veiculação do livro.
Atualmente, o papel é apenas um entre as diversas formas. Os livros digitais e os chamados áudio books são, hoje, uma realidade importante, merecendo a atenção de todos. O campo da viabilização econômica do livro também se expandiu muito e não se resume mais somente às editoras. Além delas, há o financiamento coletivo, os editais governamentais e os concursos literários que concretizam a impressão das obras. Tudo isso abre um horizonte diferente, sobretudo para os que estão começando.
Na área da difusão da leitura, todos estão conscientes dos desafios, como, por exemplo, a última edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Instituto Pró-Livro, estimou que 44% dos brasileiros não são leitores, representando que não leram nenhum livro nos últimos três meses. A situação poderia ser considerada um motivo para desanimar, mas, por outro lado, uma oportunidade, um território ainda pouco explorado e, portanto, aberto às ações em favor da leitura.
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A proliferação dos clubes de livros e de leitores e a retomada dos eventos literários presenciais (como a Bienal Mineira do Livro) são iniciativas que devem ser comemoradas. A ação de instituições, como as academias de letras, as organizações não governamentais dedicadas à propagação do livro e da literatura e o investimento do poder público, em todos os níveis, são processos cada vez mais necessários e sempre muito bem-vindos.
O tema da Literatura e da Leitura é prioritário. Existe pressa. O Brasil só será um país rico, emancipado e forte, com um povo autônomo e capaz de exercer, na plenitude, seus direitos e seus deveres, se tiver bom acesso à Educação e à Cultura. E, a muitos livros, naturalmente. Sempre.