Luz vermelha para ministro

22 de maio de 2021 às 0h23

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado

Fossem outras as condições e diferentes hábitos e costumes que estão impregnados na vida pública brasileira e hoje o ministro Ricardo Salles, titular da pasta do Meio Ambiente e uma espécie de sobrevivente entre as figuras mais controversas da alta administração federal, estaria afastado de suas funções.

No mínimo em caráter temporário, até que cheguem ao final investigações da Polícia Federal sobre extração e comércio ilegal de madeira na Amazônia. Não faz muito tempo o então superintendente da Polícia Federal no Amazonas acusou o ministro de conluio com atividades ilegais e produziu como única consequência sua própria demissão.

Na última quarta-feira a PF voltou à carga e foi mais longe, realizando diligências nas residências de Ricardo Salles em Brasília e São Paulo, além do próprio Ministério e do Ibama, trabalhando com evidências de que o contrabando de madeira, tendo como destinos preferenciais os Estados Unidos e Europa, estaria sendo realizado, no mínimo, com omissão dos órgãos federais que deveriam inibi-lo.

Salles, figura polêmica que ontem mesmo esteve na Polícia Federal em Brasília acompanhado de guarda-costas e com ares de quem pretendia tomar satisfações sobre o inquérito que o atinge, ouviu como resposta que o caso está sob sigilo e é de responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou a investigação.

Conforme informado, as investigações que desaguaram na operação de quarta-feira começaram em janeiro, tendo como ponto de partida informações de autoridades estrangeiras relativas a possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros em processos de exploração de madeira. Diretamente ao ponto, facilitação de contrabando, o que levou o STF a determinar o afastamento preventivo de dez funcionários do alto escalão do Ibama e do Ministério, além da quebra do sigilo fiscal e bancário do titular da pasta.

A movimentação da Polícia Federal na quarta-feira teve forte repercussão no exterior, de onde partem as mais fortes acusações à expansão do desmatamento no País e ao incremento da extração ilegal de madeira, que atingiu níveis recordes, coincidindo com o desmonte dos organismos de fiscalização e controle e vistas grossas das autoridades do primeiro escalão. Tudo isso com repercussão extremamente negativa para o Brasil, no contexto das políticas ambientais, e tendo como figura central exatamente o ministro Ricardo Salles, que parece ter perdido totalmente as condições de permanecer no cargo.

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