Em artigo recém-publicado (FSP, 22/05/22), Jânio de Freitas analisa com rigor o acordo entre Bolsonaro e Musk, que coloca em jogo riquezas nacionais de grande porte, além de afetar perigosamente a própria segurança territorial do País e mesmo a sua soberania. Vale a pena conhecer a posição do referido jornalista.
Segundo o seu relato, o encontro aconteceu no dia 20 de maio, de forma prevista. Acompanhado por vários de seus generais (inclusive Fábio Faria, ministro das Comunicações e um dos articuladores do encontro) e de vários empresários, em poucos minutos, o presidente entregou, de graça, tudo o que o homem mais rico do mundo veio buscar: o monitoramento da Amazônia por satélite, o uso da telecomunicação na Amazônia e em outras regiões, além do direito de usar as informações de órgãos brasileiros sobre o território amazônico, natureza, solo e subsolo. O que, a bem da verdade, é um descaso total da soberania brasileira! Na mira, os metais preciosos da Amazônia necessários às inovações nas indústrias de carro americanas, inclusive de carros elétricos, além da exploração espacial privada por foguetes satélites e telecomunicações.
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Não custa lembrar a riqueza imensurável da Amazônia em minerais estratégicos: nióbio, potássio, urânio, manganês, cromo, titânio, fosfato, tungstênio, estanho, bauxita, níquel, sem falar do ferro, do alumínio, do ouro e do diamante, da prata, da platina, do cobre, do zinco, da cassiterita, das terras-raras e do óleo e do gás (petróleo)… Com esse acordo, todas essas riquezas fogem das nossas mãos.
Essa operação foi feita em poucos minutos, de boca, sem contrato: “Não tem contrato, é um acordo. Vamos facilitar tudo. Com ligeireza e desburocratização”, disse o presidente. Acordo de boca, sem consulta a nenhuma das instituições oficiais ligadas às diferentes questões da proteção e defesa da Amazônia.
Não bastasse, o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr, da Aeronáutica, pôs à disposição de Musk a Base de Alcântara, para lançamentos espaciais!… Entrega total! A partir de então, os interesses estrangeiros podem fazer da Amazônia o que quiserem, sempre, no entanto, sujeitando-se aos interesses do nosso “grande amigo” Estados Unidos, uma vez que Musk é um grande aliado, bastante próximo do Donald Trump.
Jânio de Freitas considera esse acordo um verdadeiro ato de lesa-pátria: “Implica em violação de exigências constitucionais, contraria os interesses nacionais, configura uma verdadeira violação da soberania nacional sobre parte do território”.
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E mais, “(…) não se sabe o que se esperar dos poderes do Congresso desconsiderado e nem do próprio do Judiciário, cuja função primordial é guardar a Constituição. Jânio de Freitas ajunta ainda: sabe-se perfeitamente que os meios conhecidos e desconhecidos de Musk estão muito interessados na vitória de Bolsonaro sobre Lula. Mais uma força para o golpe em andamento? Desta vez, “um golpe financeiro-eleitoral”?, pergunta Jânio de Freitas.
O nosso empresariado e as nossas forças econômicas, suas entidades representativas que sempre lutaram pelo desenvolvimento do País, não podem ficar alheios a esse golpe à soberania do País!