O preço de uma convivência

11 de outubro de 2019 às 0h02

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Crédito: REUTERS/Adriano Machado

ARISTOtELES ATHENIENSE *

Em face das derrotas que o Congresso lhe impingiu, o presidente Jair Bolsonaro resolveu desfazer-se de sua promessa eleitoral que pregava o fim do loteamento de cargos, como sendo uma das formas de combate à corrupção.

Agora, induzido pelos ministros da área política, convenceu-se da necessidade de premiar os partidos que lhe dão sustentação, desde que lhe sejam comprovadamente leais.

O apoio dos parlamentares depende das circunstâncias que provocam alterações no quadro político. Daí a necessidade de votos seguros, que possam assegurar a aprovação dos projetos vindos do Planalto, concorrendo para a estabilidade do governo.

A iniciativa compreende cargos que o governo dispõe nos estados da Federação, sem que os contemplados devam trazer consigo predicados necessários para desempenhar as funções que lhe são cometidas.

O mais importante é atender aos parlamentares, pois, é deles que Bolsonaro depende para levar adiante o seu projeto de reeleição em 2022.

Conforme já foi divulgado, das 102 nomeações havidas entre janeiro e setembro, pelo menos 50 contaram com a indicação de integrantes da Câmara e do Senado. Restam, ainda, 15 mil cargos de confiança, ou seja, um “estoque” expressivo ou, na linguagem militar, “munição” suficiente para assegurar o êxito dessa promissora iniciativa.

A missão foi confiada ao ministro da secretaria do governo, general Luiz Eduardo Ramos, que se tornou responsável pela articulação do Executivo com o Congresso após o fracasso do ministro Onyx Lorenzoni.            O encarregado dessa tarefa demonstrou acreditar numa “relação sincera, duradoura, leal e de confiança”, o que importa em dividir parte do poder com seus aliados.

Para essa conexão concorreram alguns fatores: a criação de uma CPI na Câmara e outra no Senado, denominada de Lava Toga, o que deixaria o atual governo numa situação delicada perante o STF e as Cortes Superiores, com um órgão sindicante funcionando na Câmara Alta. Some-se a isto, o interesse inadiável na aprovação da reforma da Previdência, sem se falar no incontido desejo de Bolsonaro em ter seu filho Eduardo aprovado no Senado Federal, para que possa se tornar embaixador em Washington.

Por derradeiro, é de se ter em conta, também, que o presidente, com sua popularidade em queda, perdeu muitos de seus aliados, integrantes da falange que Bolsonaro qualificou de velha política. Devido a essa desqualificação, tornou-se igualmente questionável o apoio daqueles que o presidente menosprezou e que agora pretende reconquistar.

*Advogado, Conselheiro Nato da OAB e Diretor do IAB

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