Tragédia sem fim à vista

15 de maio de 2021 às 0h10

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Crédito: Freepik

“Por que tanto ódio, tanto conflito, justamente nos lugares mais sagrados?” (Domingos Justino Pinto, educador)

Gaza, com seu aterrorizante cenário fratricida e devastação, é um “filme” já visto inumeráveis vezes. E com propensão, fatalmente, para uma ou mais “reprises”, em outras ocasiões, mesmo que resultem positivas as mediações, ora em curso, para o “cessar fogo”.

O que acontece, nessa permanente situação de beligerância reinante numa região onde se acham localizados os lugares mais sagrados na devoção universal, conduz a inenarráveis tragédias sem fim à vista. Fica gritantemente visível ali a prevalência absoluta dos escusos interesses de uma geopolítica perversa – difícil de ser confrontada – sobre as generosas aspirações de paz e convivência fraterna que, certeiramente, povoam os corações da gente do povo do lado israelita e do lado palestino. Exacerbadas paixões políticas, de cunho religioso sectário, concorrem pronunciadamente para desfazer acordos, compromissos e propósitos bem-intencionados no sentido de favorecer decisões consensualmente estabelecidas no âmbito da Organização das Nações Unidas.

O que está claramente expresso, há dezenas de anos, desde o término da Segunda Guerra mundial, é que esse pedaço de chão, volta e meia sacudido por conflitos sangrentos, deveria ser compartilhado, em termos de convívio harmonioso, por israelitas e palestinos. Confabulações infindáveis, envolvendo em momentos variados, as lideranças internacionais mais influentes precisaram os rumos a ser percorridos pelas partes visando estabelecer os espaços de cada nação no mapa. Os pactos feitos, os acordos firmados, as resoluções anunciadas, os apertos de mãos em conversações dadas como exitosas, tudo isso, num bocado de ocasiões, esbarrou num empecilho intransponível qualquer nascido de intransigências e radicalismos. São a perder de conta, nas tratativas havidas, os avanços e os recuos, a volta abrupta à estaca zero, depois de arranjos pacientemente elaborados e até festivamente celebrados.

As negociações tendem, mais cedo ou mais tarde, a ser reabertas. A pandemia do coronavírus cria, obviamente, condição desfavorável para que as partes voltem a discutir as questões cruciais que estão em jogo, a aparar suas divergências, a buscarem a paz, de modo a atender, naturalmente, os anseios legítimos de suas populações. Vale anotar, como dado promissor, nesse conturbado panorama, a recente mudança de governo nos Estados Unidos. A presença na Casa Branca de um presidente com maior sensibilidade política e diplomática, mais receptivo ao diálogo, traz um alento para as discussões que inevitavelmente se processarão logo a frente. É indiscutível o peso e importância do país na legitimação de entendimentos. No passado, esses entendimentos desafortunadamente goraram, todavia os contendores, influenciados pelos EUA sentaram-se numa mesa para troca de ideias e apresentação de propostas, colocando-se próximos em alguns momentos das definições almejadas. A provável intermediação de Joe Biden contribuirá bastante, para refrear os impulsos belicistas, e, quem sabe até, restabelecer rodadas de negociações de modo a permitir seja reacesa a esperança em dias melhores de dois povos que se têm presentemente na condição de inimigos, mas que, na trajetória da vida, se acham irmanados pelo sofrimento e pelas perseguições que, em circunstâncias distintas lhes foram impostas.

• Mal sem remédio. Os medicamentos, como outros produtos essenciais, estão custando, como se diz, “os olhos da cara”. Sobem incessantemente, debaixo dos olhares complacentes dos órgãos de fiscalização. Tomei o trabalho de coletar os preços de um determinado remédio, por sinal utilizado para fortalecer a visão, junto a fornecedores varejistas. E vejam só o que constatei, com os olhos arregalados de espanto: o valor da mercadoria, uma caixa com 60 comprimidos, variou de um ponto de venda para outro, entre R$345,00, R$299,00, R$248,99, R$245,00, R$225,00, R$203,56, R$179,99, R$138,90. Dá pra ver tudo isso sem sentir indignação?

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