Bolsonaro diz que teto de gastos é “norte” do governo

15 de agosto de 2020 às 0h08

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Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro criticou na sexta-feira (14) a imprensa, após reportagens que relataram a admissão feita por ele na véspera de que há discussões dentro do governo para furar o teto de gastos, e afirmou que o respeito ao teto é um “norte” do seu governo.

“Não há dúvidas de que parte da grande imprensa tradicional virou partido político de oposição ao atual governo. Quando indagado na live de ontem sobre ‘furar’ o teto, comecei dizendo que o ministro Paulo Guedes mandava 99,9% no Orçamento”, escreveu em uma sua conta no Facebook.

“Tudo, após essa declaração, resumia que por mais justa que fosse a busca de recursos por parte de ministros finalistas, a responsabilidade fiscal e o respeito (à) Emenda Constitucional do ‘teto’ seriam o nosso norte. Mesmo assim, após a live, nos sites dessa grande imprensa do contra, viam-se as mais variadas e absurdas notícias onde ‘o presidente admitia que o teto poderia ser furado’. Apenas posso lamentar essa obsessão pelo ‘furo jornalístico’ onde a verdade é a primeira vítima nesses órgãos de comunicação, que teimam em desinformar e semear a discórdia na sociedade.”

Em sua transmissão ao vivo nas redes sociais na quinta-feira (13), Bolsonaro admitiu que há discussões dentro do governo para furar o teto de gastos e afirmou: “A ideia de furar teto existe, é só um debate, qual é o problema?”

Apesar de reconhecer as discussões por membros do governo, o presidente destacou que a intenção de furar o teto não foi levada adiante, e questionou ainda a reação do mercado financeiro ao que chamou de “vazamento” de informações. O presidente cobrou ainda “patriotismo” dos agentes do mercado.

“Foi uma discussão de pauta… que resolvemos não levar adiante. Mas alguém vazou e todo mundo apanhou, eu apanhei nessa questão. O mercado reage, dólar sobe, a bolsa cai. Mas o mercado tem que dar um tempinho também, né? Dar um tempinho também, um pouquinho de patriotismo não faz mal a ele, não ficar aí aceitando essa pilha”, disse na transmissão.

A declaração, feita em transmissão ao vivo pelas redes sociais, ocorreu um dia após Bolsonaro ter participado de reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), sobre a política econômica, afirmando após o encontro respeitar o teto de gastos e que quer responsabilidade fiscal.

Maia e Guedes têm sido dois dos principais defensores da manutenção da responsabilidade fiscal dos gastos públicos, admitindo apenas as despesas extraordinárias decorrentes da pandemia do novo coronavírus.

Em outra mensagem no Facebook, o presidente publicou uma foto da capa da edição desta sexta do jornal Folha de S.Paulo, que traz pesquisa Datafolha apontando para alta de 5 pontos percentuais na avaliação positiva de seu governo e queda de 10 pontos na negativa e afirmou: “Verdade, meia verdade ou fake news?” (Reuters)

Aprovação do presidente tem melhora

São Paulo – A avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro melhorou em agosto, de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo na sexta-feira (14), em que 37% dos entrevistados consideram a administração ótima ou boa.

O resultado representa um crescimento de 5 pontos percentuais na avaliação positiva do governo em relação ao levantamento anterior publicado em junho, e a pesquisa mostrou ainda queda de 10 pontos percentuais na avaliação negativa da gestão Bolsonaro, para 34%. Segundo o jornal, os 37% de avaliação positiva do governo representam o patamar mais elevado desde o início da gestão Bolsonaro em janeiro do ano passado.

Segundo o levantamento, 27% dos entrevistados avaliam o governo como regular, ante 23% do levantamento realizado em junho.

A melhora na avaliação de Bolsonaro acontece em meio ao pagamento pelo governo federal de um auxílio emergencial mensal de R$ 600 pagos a informais e vulneráveis por causa da pandemia de Covid-19, que já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil e infectou mais de 3 milhões.

Para o analista e fundador da Consultoria Dharma, Creomar de Souza, a pesquisa é “uma ótimas notícia” para o governo e indica um caminho a seguir para o presidente, que já afirmou por várias vezes que pretende buscar a reeleição e 2022.

“Decorridos alguns meses do início da pandemia e as dificuldades criadas pela tentativa de impor um novo estilo político, parece que os dados começam a apontar uma direção a ser seguida. E qual é essa direção? O implemento de uma assinatura social forte e a distribuição de recursos fazendo com que os eleitores de classes mais baixas possam ser apoiadores do presidente”, afirmou o analista em entrevista à Reuters TV.

“Em paralelo, não deixa de ser importante também o fato de que esse crescimento de popularidade dá ao governo alguma legitimidade para conversar com os parlamentares do centrão, que ora estão no governo, ora estão fora do governo.”

Bolsonaro tem se aproximado de parlamentares do chamado centrão, em uma mudança da estratégia adotada inicialmente de não buscar montar uma base de sustentação parlamentar, e o movimento inclui a nomeação de indicados por parlamentares do grupo para cargos na administração federal e a troca na liderança do governo na Câmara dos Deputados, que passou a ser exercida pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR).

O Datafolha entrevistou 2.065 pessoas por telefone entre os dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais. (Reuters)

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