Alta em taxas vai afetar aportes na Argentina

17 de dezembro de 2019 às 0h04

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Argentina elevou as tarifas sobre o milho e o trigo de cerca de 7% para 12% neste fim de ano - Crédito: Agustin Marcarian/Reuters

Buenos Aires – O aumento nas taxas sobre exportações de grãos anunciado pela Argentina, no fim de semana, irá pressionar os embarques de soja, milho e trigo do país, com produtores diminuindo investimentos para compensar os menores lucros que as novas tarifas devem causar, disseram agricultores à Reuters ontem.

O presidente peronista Alberto Fernández, que tomou posse na terça-feira (10), elevou as taxas sobre grãos, óleo e farelo de soja para 30%, contra cerca de 25% anteriormente, e aumentou de cerca de 7% para 12% as tarifas sobre milho e trigo. O governo passa por um momento em que precisa de dinheiro, uma vez que caminha para renegociar cerca de US$ 100 bilhões em obrigações.

Queda nos investimentos – A Argentina é a terceira maior exportadora de milho e soja do mundo, além de maior fornecedora de farelo de soja, utilizado como ração animal. Produtores afirmaram que as taxas mais altas vão causar uma retração na tomada de riscos, forçando um aumento no plantio de soja, mais barato, e reduções nos investimentos.

“O aumento nas taxas de exportação será horrível para a produção, e isso afetará as economias rurais, com impacto sobre as pessoas que vendem máquinas agrícolas, sementes e fertilizantes. Mais tarde, isso fará efeito sobre a economia nacional”, disse David Hughes, produtor da cidade de Alberti, na região de Buenos Aires.

Para a Argentina, os embarques de grãos são a principal fonte dos muito necessários dólares provenientes de exportações. O banco central tem precisado vender reservas de dólares para controlar a desvalorização da moeda local, que perdeu mais de 83% de seu valor nos últimos quatro anos. O enfraquecimento do peso contribuiu para que a inflação ficasse ao redor de 50% ao ano.

As taxas de exportação são pagas ao governo por empresas exportadoras internacionais, que, por sua vez, descontam os impostos dos preços pagos aos produtores. Dessa forma, os agricultores terminam pagando as taxas mesmo que não tenham um ano lucrativo.

Segundo Hughes, o custo para cultivar soja em sua fazenda gira em torno dos US$ 300 por hectare. O milho custa US$ 550 e o trigo, US$ 380. Assim, com os lucros em jogo, a tendência é que ele e outros produtores reduzam riscos e diminuam o cultivo de milho e trigo.

“Os agricultores arriscam todo seu capital no plantio. E então a safra fica sujeita às condições climáticas. Quando os riscos disparam devido às taxas mais altas, é natural arriscarmos menos, investirmos menos, colhermos menos”, disse Eduardo Bell, produtor da cidade de Saladillo, no coração do cinturão agrícola dos Pampas. (Reuters)

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