Os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) a serem operacionalizados pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), na safra 2020/21, serão da ordem de R$ 392 milhões, um aumento de 55% em relação ao volume trabalhado pela entidade na safra anterior.
A estimativa do setor produtivo do café é de que o acesso à linha de crédito seja antecipado para junho; tradicionalmente, os desembolsos começam entre agosto e setembro.
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A antecipação é uma reivindicação do setor produtivo do café feita ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) devido à crise econômica provocada pelo novo coronavírus. A liberação mais ágil dos recursos será importante para que os produtores possam ter caixa para cobrir os custos operacionais da colheita e planejar o melhor momento de venda para a safra.
De acordo com os dados divulgados pelo BDMG, na safra 2018/2019, o BDMG desembolsou R$ 253 milhões, ou 99,5% dos recursos disponibilizados pelo Funcafé para serem operacionalizados pela instituição, beneficiando cerca de 2.600 produtores.
“Como banco de desenvolvimento, o papel do BDMG torna-se ainda mais imprescindível no contexto dos desafios socioeconômicos causados pela pandemia de Covid-19. Estamos focados em uma atuação anticíclica para fornecer mais crédito aos setores estratégicos da economia, como as cooperativas e pequenos produtores da cadeia do café”, afirmou, em nota, o presidente do BDMG, Sergio Gusmão.
Neste ano-safra, o orçamento total previsto para o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) é de R$ 5,7 bilhões, volume recorde aprovado pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) e 17,2% maior que o disponibilizado na safra anterior.
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Benefício ao produtor – A analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Carolina Alves Gomes, explica que, devido à solicitação do setor produtivo, o processo do Funcafé foi antecipado e a estimativa é de que os recursos cheguem mais rápido aos bancos, o que favorecerá os cafeicultores. A expectativa é de que a liberação ocorra com o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP), que tradicionalmente ocorre em junho, quando também serão divulgadas as taxas de juros.
“Nós, enquanto setor produtivo, solicitamos ao Mapa a antecipação desses recursos para o produtor rural. É uma solicitação antiga, mas, em tempos de pandemia, a antecipação se tornou mais necessária. Geralmente, os recursos são liberados entre agosto e setembro para o produtor rural, porque o credenciamento dos bancos ocorre com o lançamento do PAP, que acontece em junho. Este ano, em maio, houve uma publicação de aviso de licitação do Mapa com valores distribuídos conforme as instituições financeiras manifestaram interesse. O BDMG foi a terceira instituição que aferiu o maior volume de recursos a ser disponibilizado para o produtor, o que é muito bom para nós, por ser um banco mineiro”, avaliou Ana Carolina.
Ainda segundo Ana Carolina, a previsão é de que, em junho, quando deverá ser publicado o PAP, sejam divulgadas as taxas de juros a serem ministradas pelas instituições. Assim que publicadas, o recurso estará disponível para o produtor contratar.
“Isso é muito bom. O que era feito entre agosto e setembro poderá ocorrer em junho, que é o pico da colheita do café. É um período em que o produtor precisa de um maior capital para custear as operações de colheita, principalmente. Nas regiões de montanha, por exemplo, há uma maior demanda por mão de obra, e, muitas vezes, o produtor vende o café em período de preços baixos para fazer caixa”, explicou.
Caso os recursos sejam disponibilizados no sexto mês do ano, o produtor terá condições de planejar a venda da safra, esperando o momento mais favorável e obtendo melhores resultados. O planejamento e a gestão são considerados essenciais para a geração de resultados, principalmente com o real desvalorizado frente ao dólar, o que irá encarecer os custos de produção da próxima safra.
Neste ano, a produção de café em Minas Gerais, segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve somar de 30,7 milhões de sacas a 32 milhões de sacas. Os números representam incremento entre 25,1% e 30,7%, respectivamente, em relação à temporada anterior.