Produção nacional de suínos e frangos sobe em 2020 com a demanda externa

10 de dezembro de 2020 às 0h10

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A suinocultura ganha força com a expansão do mercado internacional liderada pela China | Crédito: Rodolfo Buhrer/Reuters

Mesmo com os desafios provocados pela pandemia de Covid-19 e pelo aumento expressivo nos custos, a produção de suínos e frangos no Brasil vai registrar crescimento em 2020. Fatores como a demanda elevada no mercado internacional, puxada pela China, o pagamento do auxílio emergencial pelo governo federal e os preços mais competitivos frente à carne de boi contribuíram para o incremento produtivo.

Para 2021, a tendência também é positiva para os setores e é esperada expansão na produção e exportação. A vacinação contra a Covid-19 e a recuperação econômica mundial devem impulsionar a demanda.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, o ano de 2020 foi muito difícil para o setor, mas, com organização, foi possível adotar medidas para contenção da Covid-19 e manter a produção em funcionamento. Todo o cuidado adotado foi essencial para garantir o abastecimento interno e os contratos de exportação.

“O ano foi altamente desafiador, mas o setor trabalhou para não deixar faltar proteína nos pratos dos brasileiros. Olhamos para trás e vemos muitos esforços, que tiveram resultados positivos já que chegamos ao fim do ano com produção e exportação em alta, garantindo o abastecimento da população com proteína, nutriente necessário para a imunidade”, disse Santin.

Suínos – A produção de carne suína poderá alcançar até 4,3 milhões de toneladas neste ano, número 8% superior ao alcançado em 2019, que foi de 3,98 milhões de toneladas, segundo a ABPA.

A projeção é de que as exportações do produto no ano superem, pela primeira vez, o volume de 1 milhão de toneladas embarcadas, com total previsto de até 1,03 milhão, número 37% superior em relação as 750 mil toneladas exportadas em 2019.

No acumulado de 2020 até novembro, as vendas internacionais de carne suína chegaram a 940,9 mil toneladas, número 39,5% maior que o total embarcado no mesmo período de 2019, quando foram exportadas 674,2 mil toneladas. No período, os principais países importadores foram a China, que respondeu por 50% do volume, Hong Kong, com 17%, e Singapura, 5%. Minas Gerais é o quinto maior exportador de carne suína do País, respondendo por 2% do volume e um embarque de janeiro a novembro de 20 mil toneladas.

No mercado interno, a disponibilidade de carne suína poderá totalizar 3,3 milhões de toneladas, número até 2% superior ao registrado em 2019, com 3,23 milhões de toneladas. O consumo per capita ficará estabilizado em 15,3 quilos.

Insumo interferiu na carne branca

Assim como na produção de suínos, as estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) para o fechamento de 2020 na produção de frangos são positivas. A produção brasileira de carne de frango está estimada em 13,8 milhões de toneladas em 2020, alta de 4,2% em relação as 13,24 milhões de toneladas produzidas em 2019.

“Esperávamos um crescimento maior na produção, mas, por conta do aumento dos insumos, principalmente do milho, a produção perdeu um pouco a força, especialmente em peso das carcaças, que está menor. Havia capacidade, mas o impacto do aumento dos custos foi sentido pelas empresas, principalmente, pelas menores e que atuam no mercado interno”, explicou o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Já os embarques do setor de frangos poderão chegar a 4,23 milhões de toneladas em 2020, número comparativamente 0,5% superior em relação ao registrado no ano passado, com 4,21 milhões de toneladas. No acumulado do ano até novembro, as vendas de carne de frango registraram alta de 0,69%, com 3,84 milhões de toneladas embarcadas. Já a receita chegou a US$ 5,543 bilhões, número 12,8% menor em relação ao registrado em 2019, quando foram apurados US$ 6,35 milhões. Minas Gerais exportou 101 mil toneladas de carne de frango de janeiro a novembro, respondendo por 3% do volume nacional.

Para o mercado interno, a oferta de carne de frango ficará em torno de 9,6 milhões de toneladas, volume 6,3% maior em relação a 2019, quando o volume era de 9 milhões de toneladas. O consumo per capita foi estimado em 45 quilos em 2020, 5% maior em relação ao registrado em 2019, quando o consumo per capita chegou a 42,84 quilos.

Ovos – Já a produção de ovos deve alcançar 53,5 bilhões de unidades produzidas em 2020, número 9,1% superior ao registrado em 2019, quando foram produzidas 49 bilhões de unidades. Já o consumo per capita do setor deverá alcançar 250 unidades neste ano, 8,7% a mais que o índice registrado em 2019, que foi de 230 unidades.

Setor estima expansão de até 3,5% em 2021

Para 2021, a tendência é de um mercado firme para as carnes suínas e de frangos. A projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) é que a produção de carne suína fique entre 1,2% e 3,5% maior que em 2020, somando até 4,4 milhões de toneladas. As exportações tendem a crescer de 4,9% a 10%, chegando a um volume máximo de 1,1 milhão de toneladas. Para o mercado interno, a expectativa é de um consumo de 1% a 3% maior, com a demanda girando em torno de 3,3 milhões de toneladas de carne suína.

Já no caso do frango, a produção brasileira poderá alcançar até 14,5 milhões de toneladas em 2021, alta de 5,5% frente aos números totais previstos para 2020. Já as exportações deverão chegar a 4,35 milhões de toneladas, superando em até 3,6% o total que deverá ser exportado pelo Brasil em 2020. No mercado interno, a disponibilidade do produto pode chegar a 10,1 milhões de toneladas, aumento de 6,5%. O consumo per capita estimado é de até 47 quilos, um crescimento de 4,4%.

De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, a recuperação da economia, aliada à vacinação contra a Covid-19 são fatores que irão impulsionar o mercado das carnes. Além disso, mesmo com a China investindo forte na produção de suínos, o crescimento do rebanho, drasticamente afetado pela Peste Suína Africana (PSA), não será suficiente para garantir o abastecimento, fazendo com que o mercado chinês continue importando grandes volumes de carne brasileira. Outro fator é a tendência de alta nos preços da carne bovina, o que faz a população migrar o consumo para carnes mais baratas, como a de frango e a de suínos.

“Para 2021, a tendência é de alta na produção e na exportação. O rebanho chinês inferior e casos de PSA em várias partes do mundo tendem a favorecer os embarques brasileiros de proteína animal. A suspensão do pagamento do coronavoucher tende a impactar o consumo, mas acredito que a recuperação da economia e dos empregos compensará essa perda do auxílio”, explicou Santin.

Em relação aos custos de produção, os mesmos tendem a ficar altos, talvez não no mesmo patamar visto em 2020, mas ainda em patamares elevados se comparados com os anos anteriores.

“Está ocorrendo uma mudança de patamar nos preços das proteínas no Brasil. O farelo de soja e milho, que representam cerca de 70% dos custos dos suínos e dos frangos, subiram mais de 100%. Isso foi repassado. Com a entrada da nova safra de soja e de milho, os preços recuarão, mas ainda vão ficar em patamares mais elevados do que o habitual”, disse Santin.

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