Brasil não teme concorrência em vendas à China

15 de novembro de 2019 às 0h05

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

Pequim/Washington/São Paulo – A decisão da China de suspender a proibição de quase cinco anos a importações de carne de frango dos Estados Unidos (EUA) terá impacto pouco relevante para a indústria do Brasil, maior exportador global, que vê espaço para todos com a grande demanda dos chineses por proteína animal, disse uma associação do setor.

Autoridades dos EUA afirmaram, na quinta-feira (14), que a decisão chinesa de reabrir o mercado à carne norte-americana deverá acrescentará US$ 1 bilhão anualmente às exportações do país.

Contudo, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que está à frente da indústria do maior exportador global de carne de frango, recebeu com “tranquilidade” a notícia, tamanha é a demanda chinesa atualmente, com o país ampliando compras de várias carnes para lidar com oferta menor decorrente dos surtos de peste suína africana.

“A abertura do mercado para a carne de frango dos EUA deve contribuir para a diminuição da grande lacuna na oferta de proteína animal na China com a recente crise sanitária”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, em nota à Reuters.

Segundo ele, “o impacto no fluxo total das exportações brasileiras para o país asiático não deve ser de grande relevância”. “Em alguns produtos, como asa de frango, a demanda norte-americana dificulta a exportação”, acrescentou Turra.

Desde janeiro deste ano, a China assumiu a liderança entre os principais destinos das exportações da avicultura e da suinocultura do Brasil, disse a ABPA. Entre janeiro e outubro, o país asiático importou 444,7 mil toneladas de carne de frango do Brasil (+22% em relação ao mesmo período do ano passado), segundo dados da ABPA. Do total exportado pelos brasileiros no ano, a China ficou com 13,3%.

As ações das empresas produtoras de carne de frango dos EUA dispararam com a notícia sobre a liberação chinesa, incluindo os papéis da Tyson Foods, Sanderson Farms e Pilgrim’s Pride, da brasileira JBS.

“A China é um importante mercado de exportação para os criadores de aves dos EUA, e estimamos que agora eles poderão exportar mais de US$ 1 bilhão em aves e produtos avícolas a cada ano para a China”, disse o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, em comunicado.

A alfândega da China informou na quinta-feira que suspendeu restrições à importação de carne de aves dos EUA, com efeito imediato. O plano para suspender a proibição ao produto norte-americano foi anunciado pelo Ministério do Comércio da China no final de outubro, mas a publicação no site da administração aduaneira é um reconhecimento formal da reabertura do comércio.

A reabertura do mercado ocorre em momento em que a China enfrenta uma escassez sem precedentes de proteínas, depois da epidemia de peste suína africana matar milhões de porcos no país, maior consumidor global de carne suína.

Guerra comercial – O aval para a retomada do comércio acontece depois de o Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar dos EUA alterar o Registro Federal na semana passada para aprovar as importações de produtos derivados de aves abatidas na China.

As aprovações para o setor avícola dos dois lados ocorrem em meio a negociações entre os países para resolver uma guerra comercial de 16 meses, marcada pela imposição de tarifas retaliatórias de bilhões de dólares entre as nações.

Melhorar o acesso dos produtos agrícolas dos EUA ao mercado chinês tem sido uma parte crítica das negociações, com a remoção de barreiras não-tarifárias sendo vista como uma chave para alcançar o objetivo de Donald Trump de dobrar as vendas agrícolas para a China.

A China proibiu aves e ovos dos EUA em janeiro de 2015 devido a um surto de gripe aviária, e as importações caíram naquele ano para um quinto dos US$ 390 milhões importados em 2014. (Reuters)

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