Os custos da produção de leite, em Minas Gerais, não param de subir, o que vem comprometendo cada vez mais a margem de lucro dos produtores. Somente em fevereiro, foi registrado aumento de 3,7% nos custos, elevando para 6,1% a alta acumulada no primeiro bimestre deste ano.
Nos últimos 12 meses, a inflação dos insumos chegou a 29,13%. A alta expressiva se deve ao encarecimento, com maior destaque, da alimentação concentrada, que é à base de milho e soja, grãos que estão com preços valorizados e baixa oferta.
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Os dados são do Índice de Custo da Produção Leiteira, elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade Gado de Leite, (ICPLeite/Embrapa), que revela uma tendência de manutenção dos custos em alta, tornando a gestão eficiente das propriedades essencial para minimizar os impactos negativos.
Conforme a pesquisa da Embrapa Gado de Leite, em fevereiro, a alta de 3,74% na produção de leite mineira foi puxada pelo grupo de produção e compra de volumosos, que em apenas um mês, subiu 6,8% e tem grande peso na composição dos custos da pecuária de leite. No mesmo mês, o preço médio pago pelo litro de leite, em Minas Gerais, recuou 3,3%, com o litro avaliado a R$ 1,76, ante R$1,82 registrado em janeiro.
“Em fevereiro, tivemos alta considerável na produção e compra de volumosos. Dentro do grupo, os itens que mais pesaram foram os combustíveis (com os reajustes anunciados pela Petrobrás), adubos (que têm os preços baseados no dólar), e o milho que tem bastante peso na composição e está com preços elevados no mercado”, explicou a analista de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Gado de leite, Manuela Lana.
Também foi verificada alta no grupo de qualidade do leite, 7,8%. A estimativa é que a maior demanda por itens de limpeza e desinfecção, como detergentes e sanitizantes, em função do agravamento da pandemia de Covid-19, tenha impulsionado os preços. Ainda em fevereiro, o grupo de alimentação concentrada subiu 4,8%.
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Já no primeiro bimestre, que acumula alta de 6,1% nos custos, os grupos que mais contribuíram para a elevação foram os ligados à alimentação do rebanho. Em produção e compra de volumosos, a alta ficou em 8,15%. Em alimentação concentrada a elevação foi de 6,6%.
No mesmo intervalo, os gastos com qualidade do leite subiram 10,97%, seguidos por mão de obra, com alta de 5,45%, e energia e combustíveis, com variação positiva de 2,75%.
Cai margem de lucro na produção de leite
Com os aumentos, a margem de lucro dos produtores de leite está cada vez menor, já que nos últimos 12 meses, o custo de produção aumentou em 29,13%. O destaque foi o grupo de concentrado, que subiu 58,55%. Alta expressiva também foi vista em produção e compra de volumosos, 20,41%, e qualidade do leite, 19,97%. Energia e combustível ficaram 9,92% mais altos e sanidade, 5,21%.
A elevação dos custos na produção de leite tem exigido que os produtores sejam cada vez mais eficientes para evitar perdas e acumular prejuízos. “A gestão da fazenda é essencial para que o produtor tenha condições de enfrentar períodos de custos em alta. Ter o controle dos gastos e usar os recursos disponíveis da melhor forma possível é crucial para os negócios”, explicou Manuela Lana.