São Paulo – O governo brasileiro elevou para 750 milhões de litros, ante 600 milhões anteriormente, uma cota para importações anuais de etanol sem tarifa, que vigorará por 12 meses, segundo publicação no Diário Oficial da União durante o final de semana.
As importações ficam limitadas a 187,5 milhões de litros por trimestre, segundo portaria do Ministério da Economia e da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais.
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A medida, que deve favorecer principalmente os Estados Unidos, principais exportadores de etanol para o Brasil, veio após reunião do presidente norte-americano Donald Trump com o chanceler brasileiro Eduardo Araújo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a embaixada do País em Washington.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que anteriormente chegou a defender o fim das importações sem tarifa, disse em nota que viu “uma grande vitória do governo brasileiro” na nova cota, uma vez que havia pressões pela liberalização total do mercado, com taxa zero para qualquer volume.
A associação citou “meses de tensão” antes do resultado das negociações e disse que o acordo final “demonstra firmeza do Brasil”, uma vez que estabeleceu “condições para um incremento futuro do comércio bilateral de etanol”.
No final de julho, a Unica defendeu que manter qualquer facilidade para importações favoreceria os Estados Unidos e prejudicaria a indústria de cana do Brasil, que havia se preparado para o final da cota para importações.
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O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão em relação à cota de importações, mas segundo a Unica o novo limite foi estabelecido após negociações lideradas pela ministra da Agricultura, Teresa Cristina, com respaldo do presidente Jair Bolsonaro.
Contrapartida – Segundo a Unica, as condições em troca da cota envolveriam “abertura do mercado americano de açúcar, um dos mais protegidos do mundo, e a implementação efetiva do E15 (mistura de 15% de etanol na gasolina, versus os 10% atuais) nos Estados Unidos”. A associação, no entanto, não cita prazos para essas medidas.
A Unica disse que o tom proposto para as negociações pelo Ministério da Agricultura foi adotado por membros da equipe econômica, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e transmitido ao governo norte-americano pelo chanceler brasileiro Ernesto Araújo em “encontro que contou com a presença e influência de Eduardo Bolsonaro”.
O filho do presidente Bolsonaro teve a indicação para a embaixada em Washington elogiada por Trump, mas a nomeação ainda não foi submetida ao Senado Federal.
Apesar da elevação da cota para importações, uma associação de produtores de biocombustíveis dos Estados Unidos criticou a decisão do governo brasileiro, que definiu como “desapontadora” porque “mantem barreira comercial protecionista contra o etanol dos EUA”.
“A simbólica elevação da cota não ajuda em nada os consumidores brasileiros que enfrentam preços mais altos de combustíveis por causa da política discriminatória do Brasil”, disse em nota a Renewable Fuels Association (RFA). (Reuters)
Açúcar: déficit de 4,7 mi de toneladas
Londres – A Organização Internacional do Açúcar (OIA) projetou ontem um déficit global de açúcar de 4,76 milhões de toneladas na temporada 2019/20, em parte devido à menor produção na Índia e Tailândia.
O órgão intergovernamental, em sua primeira avaliação sobre o balanço global de oferta em 2019/20 (outubro/setembro), apontou que a produção global deve cair em 2,35% para 171,98 milhões de toneladas, enquanto o consumo deve subir 1,34%, para 176,74 milhões de toneladas.
“Os fundamentos fornecem algumas bases para otimismo cauteloso em relação à dinâmica futura dos preços mundiais”, afirmou a OIA em uma atualização trimestral.
A produção na Índia deve cair para 28,3 milhões de toneladas em 2019/20, ante os 33 milhões da temporada anterior, enquanto na Tailândia a produção cairá para 12,9 milhões, de 14,4 milhões.
A OIA observou que o crescimento do consumo deve ficar abaixo da média de 1,8% vista desde 2016/17.
“Uma parte considerável das perdas nas taxas de crescimento do consumo pode ser atribuída a uma desaceleração do crescimento populacional global, mas os dados sobre o consumo per capita também mostram uma tendência decrescente como resultado do impacto do debate ‘açúcar e saúde’ e da onda de apresentações” de taxas adicionais sobre produtos que contêm açúcar”, afirmou a organização.
A OIA projetou que deverá haver um superávit de 1,72 milhão de toneladas em 2018/19, temporada que será encerrada em setembro. (Reuters)