Guerra na Ucrânia: Verde Agritech elevará produção de fertilizantes

4 de março de 2022 às 0h27

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Empresa, que tem mina e fábrica no município mineiro de São Gotardo, vai acelerar fabricação de fertilizantes potássicos a partir do 3º tri | Crédito: Divulgação

São Paulo – A Verde Agritech anunciou ontem a aceleração de seus planos de investimentos em produção de fertilizantes potássicos em Minas Gerais, após aperto na oferta e alta nos preços por questões geopolíticas e a invasão russa na Ucrânia.

Segundo comunicado da empresa que tem mina e fábrica em São Gotardo, uma segunda unidade deve iniciar produção no terceiro trimestre, com capacidade de 1,2 milhão de toneladas ao ano, ante uma produção total da empresa no ano passado de 400 mil toneladas de fertilizantes potássicos.

Essa segunda unidade deverá ter sua capacidade ampliada para 2,4 milhões de toneladas até o quarto trimestre, elevando a capacidade total da empresa com unidade em Minas Gerais para 3 milhões de toneladas ao ano.

“Diante dos recentes eventos geopolíticos envolvendo a Rússia e a Ucrânia, notadamente o impacto colateral das sanções econômicas à Rússia e sua aliada Belarus no fornecimento de potássio ao Brasil, o Conselho de Administração da Verde aprovou por unanimidade um programa de investimento acelerado para sustentar o Plano de Expansão”, afirmou.

Com isso, a Verde Agritech deverá ser a maior produtora de potássio do Brasil, contribuindo para melhorar a oferta de um produto que o País importa em torno de 96% do volume consumido. A companhia disse ainda que espera iniciar a construção de uma terceira fábrica em 2023, dependendo de licenças.

“Nos últimos meses, acompanhamos a escalada das tensões na Ucrânia e nos preocupamos… Dadas as últimas sanções aplicadas a Belarus e à Rússia, estamos cientes do impacto colateral na agricultura do Brasil no caso de uma interrupção no fornecimento de potássio”, disse o fundador, presidente e CEO da Verde, Cristiano Veloso, em nota.

Ele disse que a companhia está “igualmente” preocupada com a escassez global de alimentos, “que pode ser inevitável se houver uma quebra no fornecimento de fertilizantes”.

Na quarta-feira (2), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que o País tem estoques para iniciar o plantio da próxima safra de verão, entre setembro e outubro, mas seriam necessários volumes adicionais. Segundo ela, o potássio é o principal “gargalo” do País em adubos.

O anúncio da expansão fabril da Verde ocorreu ainda após a empresa ter anunciado em fevereiro a obtenção de autorização para mineração de adicionais 2,5 milhões de toneladas por ano, elevando a capacidade total permitida para 2,8 milhões de toneladas/ano.

Segundo a nota, o conselho da empresa aprovou um investimento de R$ 51 milhões para financiar o plano de expansão, que se soma aos R$ 22 milhões previamente aprovados para a construção da unidade 2.

A companhia disse que espera financiar o plano de expansão por meio de uma combinação de fluxo de caixa futuro e dívidas lastreadas em contratos de vendas futuras.

Nos últimos 15 anos, a companhia já investiu R$ 500 milhões na operação em Minas Gerais. (Reuters)

Trigo argentino basta para Brasil, mas valor preocupa

São Paulo – O Brasil não terá problemas de abastecimento de trigo no curto prazo devido à guerra na Ucrânia, pois a Argentina já sinalizou ter oferta suficiente para atender às necessidades nacionais, mas os preços preocupam o setor, afirmou a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) ontem.

O volume vindo da Rússia para o Brasil é considerado muito pequeno e não há registro de compras do trigo da Ucrânia, afirmou a associação em nota, enquanto os argentinos são os principais fornecedores externos da indústria brasileira.

Cerca de 60% da demanda de trigo do Brasil é atendida por importação e, desse total, 85% é proveniente de um único país, a Argentina, cuja safra 2021/22 está estimada em um recorde de 22,1 milhões de toneladas.

Apesar de a Argentina ser um grande player do setor, a Rússia é o maior exportador mundial de trigo e a Ucrânia ocupa a quarta posição neste ranking, com os dois países respondendo por cerca de 30% das exportações globais do cereal.

Desta forma, a Abitrigo acredita que o impacto da guerra na Ucrânia virá para todos os importadores da commodity e estará nos custos. “É inevitável que a crise da Ucrânia afete diretamente os preços do trigo a nível mundial”, afirmou.

Os valores do trigo na bolsa de Chicago estão sendo negociados em máximas de 14 anos.

Se o conflito armado se prolongar, a associação acredita que continuará a suspensão dos embarques nos portos ucranianos e os importadores concentrarão suas demandas nos demais exportadores, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Argentina – mantendo os preços em níveis elevados.

“Um fator que pode aliviar um pouco esse aumento, mas longe de ser significativo, é a queda no valor do dólar em relação ao real nos últimos dias, o que pode compensar, de certa forma, os aumentos recentes em Chicago”, disse a Abitrigo.

“Mas a tendência é que o patamar de preços fique bem elevado, nos próximos quatro ou cinco meses, com previsão de estabilizar ou começar a cair a partir do mês de julho/agosto, com a entrada da safra do hemisfério Norte”.

Em termos de oferta, o Brasil teve uma safra recorde na última temporada, com a produção avançando 23%, a 7,68 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Ainda assim, seriam necessárias importações de 6,5 milhões de toneladas, diante de um consumo interno projetado pela estatal em 12,55 milhões de toneladas.

Ainda segundo a Abitrigo, outra questão que pode impactar o preço do cereal é a incerteza em relação aos fertilizantes, pois a Rússia é um dos maiores produtores do mundo e também fornecedor desse produto para o Brasil.

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