Milho deve liderar expansão da safra mineira de grãos

Conab estima produção de 16,7 milhões de t na atual temporada em Minas

12 de janeiro de 2022 às 0h30

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Produção estadual de milho pode somar 8,3 milhões de t, 18,9% superior | Crédito: Renata Silva

Com base nas condições climáticas favoráveis registradas até dezembro, a safra de grãos 2021/22, em Minas Gerais, tende a alcançar 16,7 milhões de toneladas, um incremento de 8,6% frente à safra anterior. No Estado, a cultura do milho será o destaque. Com preços remuneradores e demanda forte, a produção do cereal deve crescer 4,1% na primeira safra. Os dados são da quarta estimativa da safra 2021/22, divulgada ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De  acordo com os dados da Conab, na atual temporada, a área plantada no Estado chegou a 3,9 milhões de hectares, um avanço de 1,2% sobre a safra anterior. A produtividade está estimada em 4,2 toneladas por hectare, um ganho de 7,3% frente à safra anterior, que teve o rendimento afetado pela seca.

Em relação às fortes chuvas registradas em Minas Gerais nos últimos dias, o gerente de Acompanhamento de Safras da Conab, Rafael Fogaça, disse que ainda não foi feito levantamento dos possíveis impactos. 

“Em Minas as chuvas intensas ainda são consideradas recentes para computarmos impactos. Na última avaliação, realizada em dezembro, não havia problema climático, com chuvas regulares no Estado”, explica.

Na safra 2021/22, dentre os produtos, o destaque em Minas é o milho. Neste período produtivo, a estimativa é de colher 5,2 milhões de toneladas na primeira safra, volume que, se alcançado, será 4,1% maior que na safra passada. Em relação à área, a expansão ficou em 1,3% e somou 829,7 mil hectares. Também é esperado avanço de 2,8% na produtividade, com rendimento médio em torno de 6,3 toneladas por hectare. 

Para a segunda safra do cereal, a projeção é colher 3,8 milhões de toneladas, alta de 56,8%. Na safra passada, a cultura foi muito prejudicada pela seca e também pelas geadas, o que afetou a produção. Caso as condições climáticas sejam favoráveis, a tendência é de recuperar a produtividade, chegando a 5,9 toneladas por hectare, 50,2% maior.

Ao todo, a produção de milho em Minas Gerais pode somar 8,3 milhões de toneladas, 18,9% maior que em 2020/21.

De acordo com o superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Companhia, Allan Silveira, os preços do milho seguem com tendência de alta. Isso em resposta à quebra de safra no Sul do País, região que enfrenta seca.

“As cotações vêm refletindo os problemas climáticos no Sul do País e apresentando alta em algumas regiões no País. No mercado internacional, com as perspectivas de boas exportações e o custo de produção elevado nos Estados Unidos, o mercado se preocupa com a intenção de plantio nos EUA e os preços estão valorizados”, diz.

Queda na soja

Outra importante cultura para Minas, a soja está com tendência de pequena queda na produção. A estimativa é de colher 6,96 milhões de toneladas, 0,8% menor que em 2020/21. A área plantada com a oleaginosa cresceu 1,7%, chegando a 1,9 milhão de hectares. Já a produtividade tende a cair 2,5%, com rendimento de 3,6 toneladas por hectare. 

“A preocupação com o clima na América do Sul e quanto poderia reduzir a produção tem sustentado os preços da soja, que estão em alta tanto no mercado interno como externo”, afirma Silveira. 

Retração também é esperada na produção de feijão. De acordo com a Conab, a produção total em Minas Gerais será de 521,5 mil toneladas, 1,5% a menos. Somente a primeira safra de feijão tende a recuar 11,9%, com a colheita de 197,6 mil toneladas. A concorrência com outros grãos fez com que a área de feijão ficasse 3,9% inferior, somando 145 mil hectares. A produtividade esperada é de 1,3 tonelada por hectare, 8,4% menor. 

Já na segunda safra, a produção de feijão pode chegar a 138,7 mil toneladas, alta de 10,3%. Resultado positivo também é esperado na terceira safra de feijão. A produção foi estimada em 185,2 mil toneladas, alta de 3,4%.

Algodão em alta

Em Minas, a produção de algodão tende a crescer, já que os preços estão altos e a demanda aquecida. A previsão é de um volume 3,9% maior na safra 2021/22, chegando a um total de 123 mil toneladas de algodão em caroço. A produtividade das lavouras tende a aumentar 9%, com a colheita de 4 toneladas por hectare. A área ficou menor, 4,7%, e somou 30,3 mil hectares. 

Conab justificou a previsão mais otimista com o aumento da área plantada da oleaginosa na temporada 2021/22 | Crédito: Emater-MG/Divulgação

Projeção para soja tem corte menor que esperado

São Paulo – A safra de soja do Brasil na temporada 2021/22 foi estimada ontem em 140,5 milhões de toneladas, ante 142,8 milhões de toneladas na previsão do mês anterior, apontou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), fazendo um corte menor na projeção do que o realizado por consultorias privadas em meio à seca no Sul do Brasil.

Dessa forma, a produção brasileira da oleaginosa ainda cresceria 2,3% ante o ciclo 2020/21, segundo a Conab, indicando um novo recorde.

Alguns analistas, contudo, já não esperam um crescimento na produção da oleaginosa no maior produtor e exportador global. Pelo menos três consultorias reduziram as estimativas em cerca de 10-11 milhões de toneladas, apontando problemas principalmente no Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

A Conab citou um aumento de área plantada de quase 4%, para 40,4 milhões de hectares, para justificar o crescimento da produção ante o ciclo anterior.

“As diferentes condições climáticas registradas entre as muitas regiões produtoras podem gerar variações nas produtividades obtidas, mas a expectativa ainda é de um resultado nacional superior àquele obtido em 2020/21, particularmente em razão do incremento de área”, disse o relatório.

Com o corte na produção ante o mês anterior, a Conab também reduziu a previsão de exportação a 89,3 milhões de toneladas em 2022, versus 90,67 milhões na estimativa de dezembro. Isso se compara com 86,1 milhões em 2021, o maior volume já exportado em um ano pelo País.

Na safra de milho, a Conab fez uma redução mais drástica, estimando a safra agora em 112,9 milhões de toneladas, versus 117,2 milhões na previsão anterior. Se confirmada a estimativa, a colheita cresceria 29,7% ante o ciclo 2020/21.

“Atenta-se para as condições climáticas desfavoráveis no Sul do País, que impactarão na produção de milho primeira safra, que está estimada em 24,8 milhões de toneladas”, disse a Conab – até dezembro, a previsão para a colheita de verão era de 29 milhões de toneladas.

Apesar da redução, a Conab manteve a projeção de exportações do cereal em 36,68 milhões de toneladas na temporada, o que representaria um salto na comparação com as 20,1 milhões do ciclo anterior, quando a safra quebrou por seca e geadas.

A Conab ainda reduziu a previsão de estoques finais em 2021/22 para 9,6 milhões de toneladas e elevou a projeção de importação para 1,3 milhão de toneladas, versus 900 mil na previsão de dezembro. Na safra passada, as compras no exterior somaram 3,2 milhões de toneladas.

Considerando todos os grãos e oleaginosas, a produção total do País – que ainda dependerá do encaminhamento da segunda safra de milho, ainda em fase de início de plantio – aumentaria 12,5% em 2021/22, para 284,4 milhões de toneladas. Mas isso representa um corte de 2,3% ante a projeção de dezembro.

A Conab fez ligeiro ajuste na previsão de produção de algodão para 2,7 milhões de toneladas, alta anual de 14,8%. (Reuters)

Entidade pede expansão de seguro para cereal

São Paulo – A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) vê necessidade “urgente” de expansão do seguro rural para o cereal, em meio a episódios de seca no Sul do País e excesso de chuvas que causaram enchentes em outros estados produtores, disse a entidade em nota ontem.

De acordo com a associação, o milho conta com apenas 10-15% de sua área segurada no Brasil.

A seca gerou uma quebra nas safras de milho verão no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e em áreas de Mato Grosso do Sul por efeito do fenômeno climático La Niña. Já Minas Gerais, Tocantins e sul do Maranhão enfrentaram enchentes.

“O quadro atual, que ilustra a intensificação das mudanças climáticas, uma vez mais, reforça a necessidade urgente de expansão do seguro rural”, disse a Abramilho.

Para o presidente institucional da entidade, Cesario Ramalho, houve avanços no orçamento federal destinado à subvenção de seguro rural nos últimos anos, mas o valor ainda está muito aquém do satisfatório.

Ele ainda disse, segundo a nota, que os recursos do programa sofrem com rotineiros contingenciamentos, o que prejudica o acesso do produtor.

“Ou seja, além de insuficiente, a verba ofertada não chega no tempo certo à ponta final, o que é crucial para a atividade agrícola. O seguro rural é tradicionalmente caro em todo o mundo, e a subvenção, presente nos principais países produtores, é um mecanismo de gestão de riscos que o Brasil não pode prescindir”.

Ramalho disse também que o avanço de produtos e serviços privados, aliados à tecnologia, pode ter impacto positivo para baratear o valor do prêmio das apólices e contribuir para expansão do mercado. (Reuters)

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