Operação de barter de energia vira opção para usinas

6 de agosto de 2022 às 0h25

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Este ano, a multinacional Bayer concretizou a primeira operação do tipo junto a usina em São Paulo, assinada no fim de 2021 | Crédito: Paulo Whitaker/Reuters Usada em 29-05-20 Usada em 24-07-20 Usada em 22-06-21 Usada em 05/10/21 Usada em 04-01-22

São Paulo – A multinacional Bayer concretizou neste ano sua primeira operação de barter de energia elétrica junto a uma usina de cana-de-açúcar do Brasil e enxerga demanda crescente para o novo produto financeiro, por meio do qual o mercado canavieiro poderá usar sua cogeração para pagar a compra de defensivos agrícolas.

Modalidade bastante difundida para culturas como café, milho e soja, o barter permite a aquisição de insumos por meio de permuta: as vendas de defensivos são garantidas em troca da produção, em uma triangulação entre fornecedor, agricultor e trading. A ferramenta traz mais previsibilidade de custos aos produtores, ao mesmo tempo em que mitiga riscos à toda cadeia.

No caso da energia elétrica, a operação inovadora da Bayer foi fechada com a Umoe Bioenergy, usina produtora de açúcar e etanol de Sandovalina (SP), que também atua na cogeração de energia elétrica.

Um contrato de energia elétrica da Umoe firmado no mercado regulado (ACR) foi utilizado como pagamento para a compra junto à Bayer, explicou à Reuters Vinicius Leira, coordenador de barter da Bayer.

“Utilizamos esses contratos como pagamento, em operação que pode ser feita à vista ou num prazo pré-combinado… Faturamos para o cliente e ele está nos pagando com o dinheiro oriundo do contrato de energia”.

Leira ressalta que a operação é segura, já que envolve compromissos de energia de longo prazo, 10 a 20 anos. “A energia já existe como uma commodity. A ideia é atender a demanda do cliente, aproveitar esses contratos para mitigar risco e posicionar crédito”, acrescentou.

A operação foi assinada com a Umoe em novembro de 2021 e faturada neste ano. Desde então, a Bayer tem visto interesse crescente pelo produto no mercado.

“Estamos preparados para isso, as negociações que vão acontecer das safras seguintes, vamos levar isso como nova ferramenta financeira para os parceiros”, afirmou Tiago De Biase, líder de Negócios de Cana-de-açúcar da Bayer.

Ele não revela detalhes do mercado potencial que a companhia projeta, mas ressalta que a cogeração de energia elétrica é um negócio importante para as usinas sucroalcooleiras e que deve receber cada vez mais investimentos nos próximos anos.

“Não temos limitação, todo mundo que tiver a cogeração de energia, tiver essa oportunidade de ter esse excedente de energia para operações de troca de insumos, vamos estar abertos para fazer”, disse De Biase.

A cogeração de energia elétrica é uma das principais fontes de geração renovável do Brasil. O País conta hoje com 20,1 gigawatts (GW) de capacidade instalada de cogeração em operação comercial – 10,9% da matriz elétrica -, segundo dados da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen).

Dos 20 GW, cerca de 60% usa como fonte de biomassa o bagaço da cana, um resíduo do processo de moagem.

Negociação abrange até 18% de vendas de empresa

A Bayer não abre dados sobre a representatividade do volume de barter em seu faturamento, mas Leira aponta que, em média, de 15% a 18% de todos os insumos vendidos no Brasil são via operações do gênero.

“Cada cultura tem um percentual específico… Além de ser uma ferramenta de crédito, é uma ferramenta de acesso ao cliente”.

Já De Biase destaca que a cana é uma cultura relevante para a companhia, dada a utilização expressiva de área para plantio, elevado índice tecnológico e uso relativamente alto de defensivos.

“Vemos o crescimento das usinas em diversas regiões com a retomada da lucratividade no setor, a turma vem investindo muito”, disse, acrescentando que hoje cada vez mais produtores fazem sistemas de reforma do canavial com soja. “A cultura se torna ainda mais importante porque leva outras junto”. (Reuters)

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