Cotação do leite para o produtor registra queda de 3,71% no Estado

9 de fevereiro de 2021 às 0h25

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Alta taxa de desemprego e fim de auxílio emergencial impactaram consumo de lácteos e, consequentemente, preço do leite | Crédito: Arnaldo Alves - SECS Usada em 01/10/2019 Usada em 20-01-20 Usada em 15-06-20 Usada em 03-08-20

O fim do pagamento do auxílio emergencial e a alta taxa de desemprego impactaram de forma negativa o consumo de leite e derivados em janeiro. Com a demanda menor, os preços pagos aos produtores no primeiro mês do ano, referente à produção entregue em dezembro, recuaram 3,71% em Minas Gerais, com o litro cotado, em média líquida, a R$ 2,04.

A tendência é de novas quedas ao longo dos próximos meses, já que o cenário econômico não deve mostrar grandes avanços. A redução dos valores no campo é preocupante, já que os custos de produção estão em patamares elevados. 

De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), assim como em Minas Gerais, na média Brasil os preços também ficaram menores. Em janeiro, o leite captado em dezembro de 2020 registrou queda de 4,3% na média Brasil líquida, chegando a R$ 2,03 por litro. 

Segundo os pesquisadores do Cepea, a desvalorização dos preços pagos aos produtores está atrelada à pressão exercida pelos canais de distribuição junto às indústrias, uma vez que a demanda pelos produtos lácteos enfraqueceu significativamente de dezembro para janeiro. A instabilidade do consumo tem feito com que as indústrias busquem ajustes na produção, equilibrando os estoques com o objetivo de evitar quedas mais bruscas de preços. 

Entre os fatores que desestimularam o consumo, segundo o Cepea, está a perda do poder de compra das famílias brasileiras devido à pandemia, ao fim do auxílio emergencial pago pelo governo federal e ao desemprego elevado. 

Como não são esperadas mudanças imediatas no cenário econômico atual, segundo os pesquisadores do Cepea, a tendência é de continuidade da desaceleração do consumo de lácteos nos próximos meses, o que deve pressionar ainda mais as indústrias a diminuírem novamente os patamares de preços do leite pagos aos produtores. 

Apesar de haver uma perspectiva de queda nos preços do leite no campo para fevereiro e março, a estimativa é de que a média neste primeiro trimestre em 2021 ultrapasse a registrada no mesmo período de 2020. Mesmo com o recuo frente a dezembro, quando comparado com janeiro deste ano, o valor praticado no mês passado ainda está 42,6% maior na média Brasil e 50% superior aos R$ 1,36 pago pelo litro em Minas Gerais. 

Situação crítica – Ainda que o leite venha acumulando valorização frente a janeiro de 2020, a situação dos produtores é crítica uma vez que os custos subiram a níveis superiores aos registrados nos preços. Entre os principais, o milho e a soja, que compõem a alimentação do rebanho e respondem por cerca de 70% dos custos totais, estão 63% e 132% mais caros que em janeiro do ano passado em Minas Gerais. 

Com os custos mais altos, a produção no campo não tem reagido como em anos anteriores. A pesquisa do Cepea aponta que, em dezembro, a captação das indústrias cresceu apenas 1,26% frente ao mês anterior. O incremento na produção de leite, que é típico do período, segundo os pesquisadores, tem se dado de forma mais lenta, em decorrência do aumento dos custos de produção. 

“Assim, mesmo que os preços do leite estejam em patamares considerados altos para o período do ano, a valorização considerável e contínua dos grãos (principais componentes dos custos de produção da pecuária leiteira) tem comprometido a rentabilidade do produtor e limitado o potencial de crescimento da atividade”, explicou o Cepea em nota. 

Na média Brasil, as pesquisas do Cepea mostram ainda que a relação de troca média em 2020 foi de 34,3 litros de leite para a aquisição de uma saca de milho de 60 quilos, aumento de 21,8% em relação a 2019, quando eram precisos 28,2 litros para realizar a mesma troca. A expectativa para janeiro é de que essa relação ultrapasse os 40 litros.

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