Safra mineira de grãos pode encolher em 2020/21

9 de outubro de 2020 às 0h17

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

Os dados divulgados ontem pelo 1º Levantamento da Safra de Grãos 2020/2021, feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), não foram comemorados em Minas Gerais. Enquanto o Brasil busca mais uma safra recorde, com aumento de 4,2% de produção sobre a safra de grãos passada, o Estado deve ver sua produção encolhida em 1,1%, caindo de 15,38 milhões de toneladas para 15,21 milhões de toneladas.

Além disso, houve uma queda importante na produtividade. Comparando a safra de grãos – produtos selecionados 2020/2021 com a safra 2019/2020, a área utilizada passou de 3,49 milhões de hectares cultivados para 3,5 milhões de hectares, um acréscimo de 0,3%, enquanto a produtividade decresceu 1,1%, caindo de 4,4 toneladas/ha para 4,3 toneladas/ha.

Parte da explicação do mau desempenho está, especialmente, em uma das mais importantes culturas do Estado: a soja. Em Minas Gerais, neste período, ocorrem poucas precipitações, além da distribuição irregular. Normalmente o período de chuvas apresenta maior volume a partir da segunda quinzena de outubro e, em alguns municípios, isso só ocorre em novembro. Os produtores aguardam a normalização das precipitações, estimando-se que a área plantada deverá apresentar leve redução em relação ao exercício anterior, levando a resultados depreciativos em relação à safra 2019/2020 de menos 4,4% em produtividade e menos 6,7% em produção. 

Outras culturas No caso do milho, o levantamento aponta para um incremento de 4,1% na área plantada nesta temporada, fixando-se no patamar de 749,9 mil hectares na primeira safra. No total, somando as segunda e terceira safras, o Estado apresentou crescimento de área de 2,5%, de produtividade de 1,4% e aumento da produção de 3,9%.

A triticultura no Estado é manejada tanto em condição de sequeiro como em sistema irrigado. De maneira geral, as lavouras de trigo apresentaram desenvolvimento satisfatório, mesmo com registros de intempéries em algumas regiões ao longo do ciclo. A colheita está finalizada, e a produção foi superior à temporada anterior, especialmente pelo incremento na produtividade média visualizada em 2020. Os resultados podem ser comemorados: ao passo que a área plantada decresceu 2,2%, a produtividade subiu 11,4% e a produção, 9%.

Já em relação ao feijão, em Minas, o período é de vazio sanitário, com previsão de plantio apenas a partir do terceiro decêndio de outubro. A intenção de plantio aponta para acréscimo na área semeada em comparação ao ano passado, especialmente pelo aumento do preço do grão no mercado, estimulando os produtores. Houve queda de 5,7% em produtividade, 0,2% em produção e crescimento da área cultivada em 5,9% nessa cultura.

Bioceres aguarda aval a trigo transgênico até início de 2021

Buenos Aires – A empresa argentina de biotecnologia Bioceres espera que o Brasil aprove o trigo geneticamente modificado HB4, com tolerância à seca, antes do início da próxima safra, por volta de março do ano que vem, disse o presidente-executivo da companhia à Reuters ontem.

A Argentina aprovou o HB4 na quarta-feira, tornando-se o primeiro país do mundo a autorizar trigo transgênico, mas a Bioceres não poderá comercializar o produto até que haja o sinal verde para importações pelo Brasil, principal destino do cereal argentino.

“Esperamos que eles (Brasil) possam tomar uma decisão em breve, esperamos que antes da próxima temporada do trigo no Hemisfério Sul, que começa no próximo outono e é um processo que já está bem avançado”, afirmou à Reuters o CEO Federico Trucco.

Ele acrescentou, porém, que, mesmo com o sinal verde do Brasil, isso “não significa que a empresa, recebendo essa aprovação, imediatamente lançaria a tecnologia comercialmente”, e que a companhia buscará a aprovação em outros mercados.

“Seremos o mais cuidadosos possível em cada mercado internacional”, disse ele.

Trucco afirmou compreender os “temores” das pessoas do setor preocupadas com o potencial impacto sobre o trigo não transgênico da Argentina no mercado global.

Procurado, o governo brasileiro não respondeu de imediato a um pedido por comentários. No ano passado, 45% das 11,3 milhões de toneladas de trigo exportadas pela Argentina foram para o Brasil.

Embora os transgênicos sejam amplamente utilizados no milho e soja para aumentar as produtividades ou tornar as safras mais robustas, o trigo geneticamente modificado para produção comercial ainda não havia sido aprovado em nenhum país. O cereal é utilizado principalmente na alimentação humana.

Produtores e importadores ainda desconfiam da tecnologia.

“No final das contas, além das aprovações, o sucesso disso vai depender do consumidor, do nível de aceitação, algo que nenhum governo pode garantir e que é conquistado dia após dia”, afirmou Trucco.

O executivo acrescentou que o HB4, desenvolvido pela Trigall Genetics, joint venture da Bioceres com a francesa Florimond Desprez, pode ajudar a levar mais estabilidade para áreas marginais com incertezas de produção em um momento em que o foco aumenta em relação às mudanças climáticas.

Trucco afirmou ainda que uma aprovação pendente da China à soja geneticamente modificada da companhia pode ocorrer entre o final de 2020 e o início de 2021. (Reuters)

Expectativa para o País é de safra recorde

São Paulo – A safra total de grãos e oleaginosas do Brasil 2020/21 foi estimada ontem em recorde de 268,7 milhões de toneladas, aumento de 11 milhões de toneladas ou 4,3% ante 2019/20, com impulso de grandes colheitas esperadas de soja e milho, principalmente, apontou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

No momento em que o plantio dessas safras está em fase inicial na maioria dos estados, em meio a preços elevados decorrentes da forte demanda e um câmbio que estimula exportações, a Conab citou um crescimento na produtividade esperada, já que projeta alta de apenas 1,3% na área plantada na comparação com a safra anterior, para 66,8 milhões de hectares.

A Conab lembrou que o aumento maior na produção do que na área ocorre na expectativa de uma recuperação nas produtividades do Rio Grande do Sul, cujas lavouras foram “severamente prejudicadas pela estiagem na última safra, além da expectativa de melhores rendimentos para o milho segunda safra na região Centro-Sul”.

A melhor produtividade ocorre apesar de a companhia considerar que o La Niña está estabelecido. Especialistas, contudo, dizem que o fenômeno tem baixa intensidade neste momento, o que limitaria danos às lavouras por eventuais estiagens, principalmente no Sul.

Além de uma nova safra recorde de soja, cuja estimativa de 133,7 milhões de toneladas ficou acima das expectativas de uma pesquisa realizada pela Reuters, a safra de milho do País foi estimada em históricas 105,2 milhões de toneladas, ante 102,5 milhões de toneladas em 2019/20.

A projeção para o milho se baseia na forte demanda, com um consumo doméstico projetado em 71,8 milhões de toneladas, aumento de 4,6%. “Esse crescimento de consumo doméstico se deve ao bom desempenho esperado para o setor de proteína animal brasileira no mercado exportador para 2021”, disse.

Diante disso, importações também serão necessárias, com a Conab mantendo um volume de 900 mil toneladas para a safra 2020/21, assim como o esperado para 2019/20.

“É importante destacar que a Conab se mantém atenta ao cenário nacional de abastecimento de milho e às probabilidades de realizar ajustes no volume total a ser importado do grão devido a deficiências logísticas regionais”, continuou.

O estoque final de milho esperado para a safra 2020/21 deverá ser de 9,7 milhões de toneladas, queda de 7,2% em relação ao período anterior.

Apesar disso, em fevereiro de 2022, o Brasil deverá ter milho suficiente para atender à demanda total por um período de aproximadamente 1,6 meses, disse a estatal.

Para 2019/20, a Conab estimou a exportação de milho em 34,5 milhões de toneladas, enquanto vê embarques de 35 milhões em 2020/21, abaixo do recorde histórico de 2018/19, de 41 milhões de toneladas.

 

Arroz – No caso do arroz, outro produto que tem registrado recordes de preços, assim como a soja, a Conab projeta um crescimento de 1,6% na área plantada, com uma produção estimada em 10,9 milhões de toneladas, queda de 2,7% na comparação anual, com a estatal esperando menores produtividades.

Tanto as importações quanto as exportações brasileiras de arroz em 2020/21 deverão se manter acima de 1 milhão de toneladas, mas no caso dos embarques para o exterior terão recuo de 400 mil toneladas na nova safra ante o ciclo anterior.

Já para o algodão, a Conab projeta redução de 3% na área plantada, para 1,6 milhão de hectares, e produção ficando em 2,8 milhões de toneladas, com o mercado da pluma sendo impactado pela pandemia.

Na safra anterior, a produção somou um recorde de 3 milhões de toneladas. (Reuters)

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