Exportações de café verde batem recorde

4 de dezembro de 2020 às 0h18

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Crédito: REUTERS/Paulo Whitaker

O dólar valorizado, a demanda aquecida e uma safra nacional maior são fatores que estão estimulando os embarques de café. Em novembro, o volume de café verde exportado pelo Brasil foi recorde e alcançou 4,6 milhões de sacas de 60 quilos ou 275,84 mil toneladas, um incremento de 39,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A tendência é de encerrar o ano com volumes recordes embarcados, podendo chegar a 45 milhões de sacas.

De acordo com as informações divulgadas pelo Ministério da Economia, o volume registrado em novembro ficou 12,19% superior ao recorde anterior, registrado em dezembro de 2018, quando foram embarcadas 4,1 milhões de sacas de 60 quilos. O volume também mostra um avanço de 850 mil sacas na comparação com outubro.

Apesar dos dados das exportações estaduais ainda não terem sido divulgados, a maior parte das exportações brasileiras de café são originárias de Minas Gerais. Para se ter uma ideia, de acordo com os últimos dados disponíveis, no acumulado de janeiro a outubro de 2020, os embarques mineiros do grão verde somaram 1,29 milhão de toneladas, respondendo por 70% das 1,84 milhão de toneladas exportadas pelo País.

O Estado é o maior produtor do grão. Na safra 2020, Minas deve produzir 54,3% da produção nacional de café, que foi estimada em 61,62 milhões de sacas de 60 quilos, conforme os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Clima favorável – De acordo com o presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais (CCCMG), Archimedes Coli Neto, 2020 tem sido um ano muito favorável para a produção de café.

“As exportações estão indo muito bem este ano. Foi uma safra muito boa para o produtor. Tivemos um clima favorável que permitiu uma alta qualidade do grão. Além disso, o período foi de safra maior. Os altos volumes exportados até agora se deve a tudo isso, qualidade, volume de safra e o dólar favorecendo os embarques e remunerando o produtor”.

Ainda segundo Coli Neto, a expectativa é de que as exportações encerrem o ano com um volume recorde de 45 milhões de sacas exportadas.“As condições estão favoráveis e esperamos alcançar o volume. Mas tudo dependerá do desempenho ao longo do último mês de 2020”.

Neste ano, as exportações têm sido fundamentais para os cafeicultores escoarem a safra e obterem preços mais rentáveis. Na safra 2020, o clima favorável foi essencial para a produção de café em Minas Gerais. A safra total do grão será 36,3% superior, com a colheita de 33,46 milhões de sacas beneficiadas de café.

Próxima safra – Já para o próximo período produtivo, a tendência é de queda. A redução acontecerá pela influência da bienalidade negativa. Além disso, a quebra pode ser maior, uma vez que o clima foi adverso para o desenvolvimento até o momento. Ao longo do ano, as chuvas ocorreram abaixo da média. Se por um lado o efeito foi positivo para a safra que estava sendo colhida, por outro, causou danos aos cafezais, o que vai interferir de forma negativa na produtividade.

“Ainda não temos como precisar a queda, mas o ano que vem tende a ser complicado. Vamos ter quebra grande na safra. Primeiro porque produzimos muito em 2020 e segundo porque houve grande estresse hídrico, o que afeta a produtividade”, explicou Coli Neto.

Cooxupé comemora desempenho excepcional

São Paulo – A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no Sul de Minas, registrou um recebimento recorde de 8,1 milhões de sacas de 60 kg de café arábica em 2020, volume que supera com alguma folga as expectativas da maior cooperativa de cafeicultores do Brasil para a temporada.

Mesmo em um ano de alta no ciclo de produção bienal do arábica, a Cooxupé esperava receber até 7,81 milhões de sacas, segundo projeções de setembro. No início do ano, a previsão era ainda menor, de 7,1 milhões de sacas.

O volume recebido indica um aumento de quase 60% ante o total registrado em 2019, ano de baixa da safra do arábica, quando a cooperativa recebeu 5,1 milhões de sacas.

Em comunicado publicado ontem, a cooperativa disse que o recebimento de café proveniente dos próprios cooperados ficou 1,1 milhão de sacas acima das expectativas iniciais, que eram de 5,6 milhões de sacas, diante de uma produção de 10,3 milhões.

“Se a Cooxupé fosse um país produtor de café, essas 8,1 milhões de sacas nos colocariam em quinto lugar no mundo todo”, afirmou o presidente da cooperativa, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, acrescentando que o resultado reflete uma “relação de confiança” entre a entidade e os cooperados.

Ele destacou ainda que a comercialização ocorreu em linha com a entrada da commodity, o que faz com que 80% do volume reportado já esteja vendido e que, apesar do recebimento recorde, os estoques da cooperativa não estejam elevados.

“Os estoques da Cooxupé não estão altos nem mesmo com esta quantidade significativa de recebimento. Recebemos muito, mas comercializamos muito também”, disse Melo, ressaltando o atendimento à demanda dos clientes internacionais.

Até o momento deste ano, a Cooxupé embarcou 5,097 milhões de sacas para os mercados brasileiro e internacional, segundo a cooperativa, que atua no Sul e Cerrado de Minas Geral e na média mogiana paulista.

O volume recebido pela Cooxupé em 2020 representa mais de 17% de toda a safra de café arábica do Brasil no ano, considerando estimativa de setembro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 47,4 milhões de sacas. (Reuters)

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