Setor agrícola projeta redução em investimentos após Argentina anunciar alta em impostos

5 de março de 2020 às 0h00

Buenos Aires – Um aumento de impostos que a Argentina deve impor às exportações de soja e seus derivados reduzirá o investimento agrícola e provavelmente resultará em colheitas menores daqui para frente, disseram agricultores e economistas ontem, um dia após o anúncio da nova política tributária.

O imposto sobre a maioria das exportações de soja, farelo e óleo de soja aumentará de 30% para 33%, com o aumento programado para entrar em vigor no curto prazo. A taxa, contudo, será aplicada em uma escala móvel, de acordo com o tamanho das operações agrícolas.

Os produtores maiores, cerca de um quarto dos sojicultores do país, devem pagar o imposto de 33%. “Isso quebrará a maioria dos negócios de agricultores, especialmente aqueles localizados a mais de 400 quilômetros do porto”, com altos custos de transporte terrestre já prejudicando os lucros, disse David Hughes, que cultiva soja na província de Buenos Aires.

“Esperamos que os agricultores mais atingidos fiquem com muita raiva e resistam ao governo”, afirmou Hughes, recusando-se a discutir quaisquer protestos planejados.

“Adiaremos os investimentos que planejávamos fazer em nossas fazendas em mais um ano. É um mau sinal para a economia, que já está encolhendo”.

O governo não disse quando o aumento dos impostos entrará em vigor, mas é esperado em breve.

Prevê-se que os produtores argentinos colham 54,5 milhões de toneladas de soja nesta temporada, segundo a Bolsa de Grãos de Buenos Aires. A colheita começa este mês.

O país, com problemas fiscais, é um importante fornecedor de soja e o maior exportador mundial de farelo de soja. O aumento de 3 pontos percentuais será aplicado aos agricultores que colheram mais de 1.000 toneladas de soja na safra anterior.

Os produtores que colheram menos de 100 toneladas na temporada 2018/19 pagarão apenas 20% em impostos de exportação. Existem cinco faixas de imposto, entre 20% e 33%, dependendo da produção.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que 26% dos agricultores argentinos serão atingidos pela taxa de 33%. Essas fazendas de maior escala representam 77% da produção de soja do país.

O aumento dos impostos faz parte do plano do presidente Alberto Fernandez para melhorar a situação financeira do país. “O aumento de impostos é claramente negativo, porque gera um desestímulo à produção, o que gerará pelo menos uma estagnação, se não um declínio na produção”, disse David Miazzo, analista-chefe da Fundação Agrícola de Desenvolvimento da Argentina (Fada), ao jornal El Economista.

“Isso é exatamente o oposto do que a Argentina exige neste momento. O que falta ao país é emprego, influxo de dólares para exportação e atividade econômica. Esses tipos de medidas vão diretamente contra o que é necessário”, disse Miazzo ao jornal. (Reuters)

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