Syngenta e Ufla desenvolvem cafés especiais

16 de julho de 2020 às 0h10

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

A parceria firmada entre a Syngenta e o Núcleo de Estudos em Fermentação (Nefer) da Universidade Federal de Lavras (Ufla) foi fundamental para a criação de um novo perfil de café especial.

Utilizando a técnica de fermentação controlada, em um sistema fechado de microrganismos próprios do grão, foi possível produzir um café acima de 85 pontos na Avaliação Sensorial da Specialty Coffee Association (SCA). Com a técnica, será possível produzir cafés especiais padronizados, o que é importante para atender o mercado.

A qualidade diferenciada tem resultados importantes, como a valorização do preço.

De acordo com o gerente de inovações da Nutrade (trading criada pela Syngenta para qualificar a produção e conectar o cafeicultor brasileiro com o mercado), Juan Gimenes, os trabalhos no pós-colheita do café vêm sendo desenvolvidos há vários anos devido à importância do processo na qualidade da bebida.

“O café brasileiro chegou a um nível muito bom de pós-colheita, mas faltava um tempero adicional. Desde 2017, estamos buscando esse conceito que é fermentação natural do café. Selecionamos alguns microrganismos já identificados do próprio café, o que é uma novidade já que se utilizam leveduras de cerveja, vinho e cachaça para o grão. A Ufla, nossa parceira nesse projeto, possui uma coleção de 3.000 leveduras que foram selecionadas nos últimos 20 anos”, explica.

Gimenes destaca que as leveduras já selecionadas e que trazem grande valor para o café são concentradas em nível de 10 a 12 potências, gerando uma quantidade de células altíssima por centímetro quadrado.

“Em um litro do material, temos uma potencialidade de população muito grande, fazendo com que ela tenha ação rápida no café. Ela vai encontrar o açúcar do café cereja e degradar, gerando compostos que trarão benefícios para a bebida, enriquecendo o sabor do café”, afirma.

Regiões – Cerca de 90% das áreas em que os cafés especiais vêm sendo desenvolvidos estão em Minas Gerais. Hoje, são 320 fazendas participantes no País, sendo que 260 são das regiões do Cerrado, Sul e Matas de Minas.

O café obtido com a técnica de fermentação controlada é um produto interessante para o mercado. Por se ter a identificação do microrganismo utilizado e o controle da qualidade, é possível ter um resultado consistente, ou seja, em uma nova safra, utilizando o mesmo produto, é possível obter cafés com padrões muito próximos.

Segundo Gimenes, o resultado é diferente de quando o produtor faz uma fermentação natural, espontânea, em que algum microrganismo atua e faz um bom resultado, mas o produtor não consegue repetir no ano seguinte.

“Na fermentação controlada, colocamos tudo condicionado em um biorreator, o que gera condições equivalentes e um perfil padronizado. Esse sistema garante uma segurança para que o torrefador externo crie um produto ou um blend com aquele perfil de bebida. A maior insegurança do torrefador é comprar um bom café no primeiro ano, mas não ter a segurança da continuidade do fornecimento na safra seguinte. Esse é o grande benefício do processo. É possível produzir volumes maiores em uma qualidade padronizada”, destaca.

Participação – De acordo com Gimenes, os produtores que estão desenvolvendo a técnica fazem parte da plataforma Nutrade, que reúne em torno de 3 mil cafeicultores. Este ano, foi feito convite aos produtores da plataforma e entregue 400 kits para a produção do café especial.

A estimativa é de produzir 8 mil sacas de 60 quilos de café, sendo que cerca de 4 mil sacas estarão aptas para a exportação.

“Para 2021, devido aos resultados iniciais, a tendência é produzir um volume maior. Os resultados preliminares estão bastante positivos e os cafés têm apresentado alta qualidade”, avalia.

Para divulgar o novo café, serão distribuídas amostras para mercados potenciais, como a Europa e Ásia, onde se tem novos consumidores, que gostam de produtos diferenciados.

“Fizemos uma primeira venda, de um volume interessante, para a Polônia em 2019, a US$ 720, enquanto a Bolsa de Nova York sinalizava a US$ 130, valor cinco vezes o valor da bolsa e sete vezes o valor que o produtor comercializa no Brasil. Estamos vendendo um café e mostrando que dá trabalho para produzir, que é um trabalho de artesão. Isso é uma segmentação que precisa ser reconhecida pelo comprador e pelo consumidor”, conclui.

Também será feita uma classificação para identificar os 50 melhores lotes obtidos com a técnica.

Colheita da Cooxupé atinge 43,9% da área

São Paulo – A colheita de café da Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do mundo, alcançou 43,9% da área total até 10 de julho, segundo boletim divulgado ontem, com avanço de 7,21 pontos percentuais frente à semana anterior.

Os trabalhos estão atrasados na comparação com o ano passado, quando registravam 66,4%, e seguem um pouco atrás do ritmo observado nesta época em 2018 (46,3%).

Em anos de bienalidade positiva para a variedade arábica, como 2020 e 2018, as atividades tendem a se alongar, devido ao tamanho da safra. A expectativa é de que a colheita de 2020 seja uma das maiores da história.

A colheita da Cooxupé está mais avançada no Sul de Minas Gerais, onde alcança 53,91%, seguida pelas regiões produtoras de São Paulo (51,14%) e Cerrado mineiro (26,35%). (Reuters)

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