Toulouse – A Airbus divulgou ontem resultados mais fortes que o esperado no quarto trimestre, mas os números foram ofuscados pela decisão de fechar o programa A380, ao mesmo tempo em que prevê mais entregas de aeronaves e lucros em 2019.
O maior grupo aeroespacial da Europa registrou lucro operacional ajustado de 3,096 bilhões de euros no quarto trimestre, 56% maior do que no mesmo período do ano anterior, após acelerar as entregas de aviões nos últimos três meses do ano para compensar atrasos. As receitas subiram 11% na mesma comparação, para 23,286 bilhões de euros.
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Analistas esperavam lucro operacional ajustado de 2,292 bilhões de euros, com faturamento de 22,372 bilhões de euros, segundo pesquisa realizada pela Reuters.
A Airbus previu 880-890 entregas de aeronaves comerciais – mais que as 800 em 2018, e um lucro operacional 15% maior este ano.
A segunda maior fabricante de aeronaves do mundo, atrás somente da rival norte-americana Boeing, informou que atingirá produção mensal de 60 jatos da família A320 até o meio do ano e aumentaria para 63 por mês em 2021.
As ações da Airbus subiram com o lucros mais forte que o esperado e a decisão de abandonar a produção do deficitário A380.
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A380 – A Airbus está encerrando a produção do superjumbo A380, conforme vendas fracas o forçaram a abandonar o sonho de dominar os céus com um ‘cruiseliner’ do século XXI.
O maior avião de passageiros do mundo, com dois decks de grandes cabines e espaço para 544 pessoas, foi projetado para desafiar o legendário 747 da Boeing, mas não conseguiu se firmar quando as companhias aéreas preferiram uma nova geração de jatos menores e mais ágeis.
A decisão veio depois que a Emirates – a maior cliente do A380 – foi forçada a reduzir suas encomendas do superjumbo após uma disputa de motores e uma revisão mais ampla da frota, optando por encomendar um total de 70 unidades menores do A350 e A330neo. Sem a demanda antecipada, a Airbus disse que suas linhas de montagem secariam.
“Esta foi uma decisão conjunta. Não podemos correr atrás de ilusões e temos que tomar a única escolha sensata e parar com este programa”, disse o presidente da Airbus, Tom Enders.
A Airbus disse que entraria em negociações com os sindicatos nas próximas semanas sobre os 3.000 a 3.500 empregos potencialmente afetados. Enders disse posteriormente que a empresa não poderia garantir que todos manteriam seus empregos.
Os empregos em risco são principalmente na França e na Alemanha, mas também pode haver um impacto na Espanha e no Reino Unido.
A Airbus teve uma despesa de 463 milhões de euros para os custos de encerramento, mas é esperado que sejam perdoados cerca de 1 bilhão de euros de empréstimos pendentes de governos europeus de um sistema de financiamento que está no centro de uma disputa comercial com a Boeing. (Reuters)