Desemprego registra leve queda no quarto trimestre do ano passado no Estado
11 de março de 2021 às 0h26
O desemprego em Minas Gerais registrou uma leve queda no quarto trimestre de 2020. A taxa de desocupação do Estado nos três últimos meses do ano passado foi de 12,2%, recuo de 1,1 ponto percentual em relação ao terceiro trimestre (13,3%).
Porém, se comparado ao mesmo período de 2019, quando a taxa de desocupação era de 9,5%, observou-se um aumento de 2,8 pontos percentuais.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No País, a taxa de desemprego foi de 13,9%, diminuindo 0,7 ponto percentual em relação ao terceiro trimestre, e apresentando aumento de 3 pontos frente ao quarto trimestre de 2019.
Entre os setores, o que mais abriu postos de trabalho nos últimos três meses de 2020 em Minas Gerais foi Administração pública (mais 81 mil pessoas).
A leve recuperação do emprego em Minas pode estar atrelada à sazonalidade de final de ano, com o aumento de postos de trabalho temporários devido ao Natal, segundo o coordenador da Pnad Contínua no Estado, Gustavo Fontes.
“É preciso aguardar os dados do primeiro trimestre de 2021 para saber se essa melhora vai se manter”, pondera. “Já o aumento da desocupação no Estado, quando se compara os números ao quarto trimestre de 2019, é explicado principalmente pela pandemia”, explica o analista.
Força de trabalho – A força de trabalho (população economicamente ativa) em Minas Gerais era composta por aproximadamente 10,6 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2020, o que representa um aumento de 1,6% em relação ao terceiro trimestre, porém queda de 6,3% frente ao quarto trimestre de 2019.
Do total de pessoas na força de trabalho, 9,3 milhões estavam ocupadas no período e 1,3 milhão desocupadas, mas procurando emprego. Assim, em relação ao terceiro trimestre de 2020, houve aumento de 2,9% da população empregada e (262 mil pessoas) e redução de 6,9% da população desocupada (96 mil pessoas a menos).
“Muitas pessoas que saíram da força de trabalho porque perderam seus empregos no início da pandemia e não tinham como sair de casa para buscar trabalho, retomaram essa busca nos últimos três meses do ano”, observou Fontes.
Em relação ao quarto trimestre de 2019, o total de pessoas ocupadas apresentou queda de 9,2% no Estado (menos 940 mil pessoas), ao passo que o total de desocupados aumentou 21,0% (225 mil pessoas a mais).
A população ocupada no período em Minas (9,3 milhões de pessoas,) era composta de 67,4% de empregados (incluindo empregados do setor público e trabalhadores domésticos), 4,9% de empregadores, 25,1% de pessoas que trabalhavam por conta própria e 2,6% de trabalhadores familiares auxiliares.
No setor privado do Estado, excluindo trabalhadores domésticos, 75,1% dos empregados tinham carteira de trabalho assinada, percentual próximo ao observado para o Brasil (75,0%). Já a taxa de informalidade no quarto trimestre de 2020 ficou em 38,7% da população ocupada no Estado, um pouco abaixo da taxa estimada para o Brasil (39,5%).
Setores
Entre as atividades econômicas, em relação ao terceiro trimestre, a pesquisa apontou que em Minas houve aumento de 4,9% do total de ocupados em Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, o que representa 81 mil pessoas a mais.
Também foram observadas variações positivas para os grupamentos Outros serviços (12,1%) e Serviços domésticos (7,3%). Para os demais grupamentos de atividade não foram observadas variações significativas.
Mas quando se compara ao quarto trimestre de 2019, o comércio, segundo Gustavo Fontes, foi o setor que mais teve redução no total de ocupados, mesmo com a sazonalidade do fim do ano. “Foi realmente um setor muito penalizado pela pandemia”.
Conforme a pesquisa, as maiores quedas no total de ocupados, em termos absolutos, foram as seguintes: Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 327 mil pessoas); Alojamento e alimentação (menos 198 mil); Indústria geral (menos 181 mil); Serviços domésticos (menos 121 mil); e Construção (menos 99 mil).
Índice de desocupação no País atingiu 13,5%
Rio – A taxa média de desemprego no País atingiu 13,5% em 2020, enquanto em 2019 foi de 11,9%. Os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre o mercado de trabalho provocaram alta recorde de desemprego em 20 estados. Ficaram de fora da lista Pará, Amapá, Tocantins, Piauí, Pernambuco, Espírito Santo e Santa Catarina.
As taxas mais elevadas de desemprego foram registradas no Nordeste e as menores no Sul do País. A Bahia, com 19,8%, teve a maior taxa de desocupação em 2020, seguida de Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%). Já Santa Catarina (6,1%), Rio Grande do Sul (9,1%) e Paraná (9,4%) tiveram as mais baixas.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta que o percentual de 2020 é o maior da série histórica iniciada em 2012.
Ocupação – Segundo o IBGE, no intervalo de um ano, a população ocupada no País teve menos 7,3 milhões de pessoas, o que resultou no menor número da série histórica de médias anuais, de 86,1 milhões. Conforme a pesquisa, pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada. Em 2020, o nível de ocupação ficou em 49,4%.
O nível de ocupação ficou abaixo de 50% no ano passado em 15 estados, sendo todos no Nordeste. Em Alagoas, apenas 35,9% das pessoas em idade para trabalhar estavam ocupadas. No Sudeste, no Rio de Janeiro apenas 45,4% tinham um trabalho. O estado com maior nível de ocupação no ano passado foi Mato Grosso, com uma taxa de 58,7%.
A Pnad Contínua mostrou também que a queda da ocupação foi espalhada entre todos os trabalhadores.
Informalidade – A taxa média de informalidade também sofreu impacto com a pandemia e caiu de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020, chegando a 39,9 milhões de pessoas.
A taxa média nacional de informalidade foi superada em 19 estados. Entre eles, Goiás atingiu 39,1% e o Pará 59,6%. Em sete estados, a taxa foi acima de 50%. Já São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%) foram os que tiveram taxas de informalidade abaixo de 30%.
A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, destacou que os informais foram os primeiros atingidos pelos efeitos da pandemia. Para ela, a queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. “Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano. Com menos trabalhadores informais na composição de ocupados, a taxa de informalidade diminui”, explicou.
Quarto trimestre – No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação recuou para 13,9%, depois de atingir 14,6% no terceiro trimestre, o maior patamar já registrado na comparação trimestral.
Conforme a Pnad Contínua, a queda foi registrada em apenas em cinco estados. Os demais ficaram estáveis. Bahia e Alagoas, ambos com 20%, tiveram as maiores taxas. Na sequência ficou o Rio de Janeiro, com 19,4%. As menores taxas foram notadas em Santa Catarina (5,3%), no Rio Grande do Sul (8,4%) e em Mato Grosso do Sul (9,3%).
“Quando olhamos para os dados regionalmente, vemos que a redução na taxa de desocupação não foi disseminada pela maioria das unidades da federação. Ela ficou concentrada em apenas cinco [estados], mostrando que em vários estados ainda não se observou uma queda da desocupação”, observou Adriana Beringuy.
Ainda no último trimestre, as mulheres (16,4%) foram mais impactadas pelo desemprego, enquanto para os homens a taxa foi menor (11,9%). Entre as pessoas pretas (17,2%) e pardas (15,8%), as taxas ficaram acima da média nacional (13,9%). Ao contrário do percentual de brancos (11,5%) que ficou abaixo da média. (ABr)