[EDITORIAL] Onde não dá para negociar

27 de novembro de 2018 às 0h01

O mundo é movido a petróleo, a economia e a política no planeta são regidas pelo petróleo, principal combustível da revolução industrial e tecnológica que aconteceu no século passado e condiciona o presente. Mais não é preciso dizer sobre sua importância e, pelas mesmas razões, explicar até que ponto o assunto interessa a todos os países, num contexto do qual o Brasil não pode e não deve se excluir. Ao contrário, trata-se de proclamar e de defender a condição do País, que foi capaz de desenvolver a mais fina tecnologia de prospecção e extração de petróleo em águas profundas e, assim, descobriu reservas que se contam entre as maiores do planeja. Sem lugar a dúvida, hoje, a nossa principal riqueza, provável passaporte para um futuro que poderá ser muito melhor.

O essencial, evidentemente, é que o País seja capaz de manter controle sobre suas reservas de petróleo, utilizando-as conforme seus interesses. Só para lembrar, o assunto é tão delicado, tão estratégico, que os Estados Unidos preferem importar petróleo enquanto preservam suas próprias reservas. Elementar, muito embora no Brasil muita gente pense exatamente o contrário, a partir da falsa ideia de que não teríamos recursos nem tecnologia para levar a empreitada adiante. O pré-sal nos ensina o contrário, explica os olhos gordos que nos observam de fora e derruba até mesmo a falsa ideia de que privatizar poderia ser um antídoto contra a corrupção.

A propósito, o novo governo já disse e repetiu que a Petrobras não será privatizada, o que só não é um alívio completo porque também disse que atividades de refino e de distribuição poderão sair da órbita da estatal. Parece bom, na suposição de que aceleraria investimentos, mas pode não ser. Qualquer executivo independente que esteja nos vendo de fora sabe muitíssimo bem a importância de se controlar toda a cadeia, vale dizer, as ferramentas capazes de permitir que abastecimento e preços estejam sintonizados com os interesses do País e nunca, jamais, alinhados com a especulação internacional.

A Petrobras já provou, e com muito êxito, que não precisa cair nessa armadilha, que pode e deve atrair parceiros – e interessados não faltam –, porém sem abdicar do controle, da chave e do cadeado, da palavra final. Embora muitos pensem e digam o contrário, como se fosse possível deixar de perceber a exata natureza dos interesses que estão em jogo, cabe esperar e acreditar que o presidente eleito saiba perfeitamente o que melhor convém ao País e não se deixe iludir pelos que dizem o contrário.

Afinal, já é possível afirmar, e sem margem de erro, que o futuro do Brasil, melhor ou pior, dependerá de como e por quem serão utilizadas suas reservas de petróleo.

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