Faturamento dos varejistas de materiais de construção cai 50%

9 de maio de 2020 às 0h20

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Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

A crise provocada pelo avanço do novo coronavírus no País derrubou o faturamento das empresas de materiais de construção de Belo Horizonte. Mesmo com as lojas abertas, uma vez que o setor foi considerado essencial, o faturamento está cerca de 50% menor que o registrado antes da pandemia. A queda da renda da população e as incertezas são os fatores que têm prejudicado o setor.

Com o acúmulo de prejuízos, empresários estão demitindo, suspendendo os contratos ou reduzindo os salários e a carga horária dos trabalhadores para evitar um agravamento da situação financeira dos negócios. Para a recuperação do setor, será necessária a criação de linhas de crédito que tenham juros menores, carência de seis meses a 12 meses e que atendam, também, as empresas que possuem faturamento acima de R$ 16 milhões anuais, que não foram contempladas pelos planos já lançados.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção, Tintas, Ferragens e Maquinismos de Belo Horizonte e Região (Sindimaco), Júlio Gomes Ferreira, apesar das lojas abertas, os prejuízos são grandes e há comprometimento do capital de giro.

“O setor foi reconhecido como essencialidade e está com as lojas abertas, mas as lojas vêm operando na faixa de 45% a 50% no nível de faturamento que existia antes das medidas de isolamento social. Com isso, as empresas estão com capital de giro bastante sacrificado e dificuldade de operação. Nossa situação é melhor do que a dos demais setores que estão com as atividades suspensas, mas, mesmo assim, vem registrando prejuízos”, disse Ferreira.

Linhas de crédito – Ainda conforme Ferreira, o setor está trabalhando para levar aos governos do Estado e federal pedido para que sejam criadas linhas de crédito especiais nos bancos de desenvolvimento.

A principal necessidade seria uma linha para capital de giro, com juros menores que os praticados atualmente nas linhas já lançadas para o enfrentamento da crise. Também seria necessário que as linhas fossem mais abrangentes, englobando as empresas com faturamento anual acima de R$ 16 milhões até R$ 300 milhões que não foram incluídas nas opções já lançadas.

“Nosso entendimento é que o governo mineiro, através do BDMG, crie uma linha para capital de giro com taxas mais acessíveis, o que também pode ser feito pelo governo federal através do BNDES. As linhas já disponibilizadas ainda têm os juros mais elevados do que seria necessário para o momento atual”, explicou.

Segundo Ferreira, o achatamento da renda da população, o mercado parado e as incertezas reduzem as intenções de investimentos e estão prejudicando a demanda pelos materiais de construção.

“O setor está trabalhando com índice de rentabilidade baixo, então será necessário socorro por parte dos governos estadual e federal no sentido de propiciar capital de giro para as empresas não se colocarem em situação difícil e falimentar. O faturamento foi reduzido, mas os custos continuam os mesmos”, destacou.

Adoção de medidas – Para minimizar os impactos negativos, empresários têm aderido às medidas já lançadas pelo governo federal, utilizando a suspensão dos contratos de trabalho e também redução de carga horária e de trabalhos. Foram concedidas férias e o afastamento dos funcionários que estão no grupo de risco.

“Estas medidas amenizaram a situação, que ainda assim é grave, uma vez que, com as lojas abertas, é preciso de mão de obra, mesmo com as vendas reduzidas. Com a crise, já houve demissões e algumas empresas, que têm rede de lojas, optaram por fechar algumas unidades”, concluiu.

Governo avalia medidas específicas de crédito

Brasília – A equipe econômica analisa medidas específicas para crédito em meio à crise, afirmou, na sexta-feira (8), o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, destacando que algumas iniciativas já tomadas estão com dificuldades de serem utilizadas.

“Quem está em uma situação financeira pior está tendo dificuldade de pegar recurso dos bancos”, disse ele, em conversa virtual promovida pela Fundação Getulio Vargas. De acordo com o secretário, os bancos também têm direito a limitar o acesso aos recursos, pelo risco de crédito envolvido.

“Estamos analisando essa situação e em que setores está impactando mais para que a gente possa também trabalhar em políticas específicas para isso. Algumas políticas já foram discutidas no Congresso, outras ainda vão ser, mas é o nosso grande foco de elaboração de medidas”, completou.

Segundo Guaranys, a maior parte do esforço do governo neste momento é de monitoramento e implementação de ações já anunciadas, mas com essa visão de complementar medidas associadas ao crédito em função de “lacunas”.

Guaranys afirmou que a equipe econômica está monitorando todos os setores produtivos para analisar quais empresas precisam de socorro e como isso pode ser operacionalizado da forma mais transversal possível.

“Estamos tendo cuidado para não escolher setores que merecem ajuda, mas sim características que estão merecendo ajuda”, disse Guaranys, frisando que o diferimento de impostos para alívio de caixa foi uma ação nesse sentido.

Especificamente para concessionárias de serviços públicos, ele disse que a solução vai depender do setor e do contrato. “É muito difícil pensar em solução ampla para todos os concessionários de todos os setores porque pode ser que tenham setores que não estejam sendo tão impactados”, afirmou.

Os serviços de telecomunicações, por exemplo, têm passado pela crise de forma diferente dos aeroportos, que estão sendo mais atingidos, disse o secretário. (Reuters)

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