Geração de fontes renováveis deverá atrair mais aportes

15 de dezembro de 2020 às 0h12

img
Os parques eólicos e solares são priorizados no planejamento energético da EPE para 2030 | Crédito: REUTERS/Jamil Bittar

São Paulo – As hidrelétricas praticamente não devem ter espaço na expansão do sistema elétrico do Brasil ao longo da próxima década, enquanto empreendimentos de novas fontes renováveis como parques eólicos e solares deverão dominar os investimentos, assim como térmicas a gás natural.

As projeções constam de versão preliminar do Plano Decenal de Energia 2030 (PDE), da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), submetido a processo de consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia por 30 dias a partir de ontem.

Mas o documento, que traz um planejamento indicativo de longo prazo dos investimentos em energia, sinaliza que tanto os aportes em novas usinas quanto em linhas e subestações podem ser significativamente impactados pela pandemia da Covid-19, principalmente em caso de uma segunda onda de contágios.

O cenário mais otimista do PDE prevê que a carga de energia no sistema elétrico do Brasil poderia superar 100 gigawatts médios em 2030.

Em um cenário de crise sanitária mais intensa e prolongada, no entanto, com segunda onda de Covid-19, a carga ao final do horizonte seria de 84,4 gigawatts médios. O cenário básico, de referência, aponta para expansão até 93,8 gigawatts médios.

No setor de transmissão de energia, o PDE apontava inicialmente para investimento total de R$ 108,7 bilhões em dez anos, reduzido para R$ 89,6 bilhões no cenário de referência após a pandemia. Em uma visão pessimista, os aportes poderiam cair para R$ 59,2 bilhões.

Em geração, o cenário otimista projeta crescimento de 55 gigawatts na capacidade instalada do Brasil até 2030, enquanto o mais negativo aponta para apenas 11 gigawatts adicionais.

O plano decenal do governo projeta no cenário base um crescimento de quase 2,4 gigawatts por ano em potência instalada de usinas eólicas e de 731 megawatts anuais nas solares, o que faria essas fontes somarem capacidade adicional de cerca de 15,5 gigawatts entre 2026 e 2030.

Já usinas termelétricas flexíveis poderiam ter uma expansão de 12,3 gigawatts ao longo do período, com instalação de 2 gigawatts e 3 gigawatts por ano.

Para as hidrelétricas, porém, não há perspectivas de novos empreendimentos com entrada em operação ao longo da década, mas apenas de ampliação de usinas existentes.

“Essa oferta não se mostrou como uma opção economicamente atrativa para a expansão”, aponta o PDE, que também cita necessidade de “harmonização com questões socioambientais” como fator para garantir a viabilidade de novos projetos hídricos. Assim, o PDE vê hidrelétricas alcançarem 106,4 gigawatts em 2030, ante 101,9 gigawatts atualmente.

Isso faria a participação da fonte na matriz brasileira recuar dos atuais 62% para 54% em dez anos, enquanto usinas eólicas, solares, de biomassa e pequenas hidrelétricas saltariam de 24% do total para 33%.

Hidrelétricas – O plano, no entanto, observa que algumas usinas hídricas em processo de estudo poderão ser viáveis no médio prazo, como as hidrelétricas de Tabajara e Bem Querer, ambas na região da Amazônia.

Mas o documento do governo afirma que tem como objetivo também “intensificar o debate” sobre o papel das hidrelétricas no Brasil.

“A dificuldade de viabilização de novos projetos é um fato notório nos últimos anos. Enxergar novos modelos de negócios, mapear as possibilidades para melhor aproveitar o potencial remanescente e reconhecer a mudança da nossa matriz de energia elétrica são elementos-chave para valorizar a importância das hidrelétricas no Brasil”, diz o documento

Em relação ao uso de carvão em usinas térmicas, que tem perdido espaço no mundo, em meio a um foco maior na geração renovável, o plano estatal afirma que essa é uma discussão que “deve ser tratada com muita atenção” e sugere apenas a modernização de um empreendimento já existente no período.

O planejamento do governo ainda projeta pela primeira vez a construção de usinas termelétricas movidas a resíduos sólidos urbanos e aponta para limite mínimo de expansão de 60 megawatts com essa tecnologia, “a título de política energética”. (Reuters)

Enel fará investimento de R$ 5,6 bi

São Paulo – O grupo italiano Enel informou que sua subsidiária Enel Green Power Brasil iniciou a construção de projetos de geração renovável no Nordeste do País que somarão 1,3 gigawatt em capacidade e demandarão cerca de R$ 5,6 bilhões.

Os empreendimentos compreendem quatro parques eólicos e um solar, e os aportes estimados consideram um orçamento de cerca de US$ 1,1 bilhão pela atual taxa de câmbio, disse a Enel em comunicado à imprensa nesta segunda-feira.

Os novos projetos serão apoiados principalmente em contratos de venda da produção futura negociados com clientes corporativos no chamado mercado livre de energia, onde grandes consumidores como indústrias podem fechar contratos de fornecimento de eletricidade diretamente com geradores.

“O início da construção de 1,3 GW de nova capacidade renovável é um marco sem precedentes na história da nossa empresa no Brasil, especialmente diante dos desafios impostos pelo cenário atual”, disse em nota o presidente da Enel Green Power, Salvatore Bernabei, em referência à pandemia da Covid-19.

As usinas deverão começar a operar em 2021, com exceção do parque eólico Lagoa dos Ventos II, previsto para 2022, afirmou a empresa, ao destacar que adotará “rigorosos protocolos de segurança” para garantir a proteção dos trabalhadores envolvidos na construção e das comunidades próximas.

A companhia destacou que a Enel Green Power tem realizado “campanhas massivas de testagem” quinzenais que envolvem todo o pessoal que trabalha nos canteiros.

Os ativos de geração da Enel no Brasil somam atualmente capacidade instalada de 3,4 gigawatts em fontes renováveis, incluindo negócios da empresa e da subsidiária Enel Green Power. As usinas serão construídas no Piauí, Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco. (Reuters)

Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail