Indústria siderúrgica aposta na retomada econômica

22 de agosto de 2019 às 0h18

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Situação atual e perspectivas para a indústria mundial do aço estiveram entre os temas discutidos no segundo dia do evento - Crédito: Divulgação

O Instituto Aço Brasil (Aço Brasil) vai começar a divulgar, em breve, o Índice de Confiança da Indústria do Aço (Icia). A informação foi dada ontem pelo presidente do Conselho Diretor da entidade, Sérgio Leite, durante o Congresso Aço Brasil, que reúne, em Brasília, governo, empresários e especialistas para tratar da retomada do crescimento econômico do País.

Em primeira mão, o executivo revelou que a primeira versão do estudo aponta a confiança do setor no crescimento econômico brasileiro.

“A aposta se dá tanto nos próximos meses quanto nos próximos anos, senhor presidente. Temos acompanhado o importante trabalho que vem sendo feito por sua equipe para conduzir o Brasil ao crescimento, gerando emprego e renda”, disse em alusão à presença do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), no Painel de Honra do evento.

Por sua vez, Bolsonaro disse que não interfere na economia do País, mas que medidas para estimular o crescimento brasileiro estão sendo adotadas.

“O Brasil tem jeito, e, juntos, vamos levá-lo ao local de destaque que ele merece. É só ver o nosso potencial. Eu sempre digo: ‘Olha o que temos e o que não somos, e o que Israel não tem e é’”, afirmou a centenas de empresários do setor siderúrgico nacional e internacional reunidos no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB).

Dentre outros assuntos, o presidente comentou o anúncio da Caixa da linha de crédito imobiliário, com juros mais baixos, o que, segundo ele, irá beneficiar a indústria da construção civil e, consequentemente, a indústria brasileira do aço, já que a construção responde por 34,1% do consumo aparente do aço produzido no País.

Para o presidente, o País está bem encaminhado nas questões econômicas e deve se aproximar comercialmente de outras nações.

“As conversas estão em andamento no sentido de nos aproximarmos das melhores economias do mundo. Não vamos nos afastar dos países da América Latina, mas vamos dar-lhes a devida importância”, disse em seu discurso.

Competitividade – Assuntos como a situação e perspectivas da indústria mundial do aço, competitividade e abertura comercial e o papel da indústria de transformação no desenvolvimento nacional voltaram a ser temas de debates durante o Congresso Aço Brasil ontem.

A começar pela competitividade e a abertura comercial brasileira. Com moderação do executivo da Gerdau e também vice-presidente do conselho diretor do Aço Brasil, Marcos Eduardo Faraco Wahrhaftig, o painel expôs as preocupações e ponderações de economistas e industriais quanto aos assuntos.

Entre os destaques, a preocupação com o desequilíbrio no cenário mundial do aço, causado já há alguns anos pelo excesso de capacidade, atualmente de aproximadamente 400 milhões de toneladas.

“No caso do Brasil, ainda temos os problemas estruturais já conhecidos. Por isso, o debate de abertura comercial e como corrigir as assimetrias que aflige nossa indústria para que o crescimento econômico nacional seja reestabelecido é tão importante”, destacou Wahrhaftig.

Participaram também o economista Antonio Corrêa de Lacerda; o presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, Jorge Gerdau Johannpeter; o economista Juan Ferres, fundador da Ferres Consultoria; o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Veloso Dias Cardoso; e o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Prado Troyjo.

No geral, os participantes entendem que as iniciativas de abertura comercial do Brasil podem provocar uma maior abertura comercial aos produtos importados. O presidente da Abimaq, por exemplo, argumentou que uma ampla abertura comercial traria mais vantagens para os parceiros comerciais do País do que para a economia nacional.

“Os resultados de longo prazo seriam ínfimos, mesmo com as variáveis macroeconômicas”, ressaltou.

Outro assunto bastante discutido no Congresso Aço Brasil foi, mais uma vez, o papel da indústria de transformação no desenvolvimento nacional. Nesse sentido, o segundo painel discutiu a importância estratégica da indústria de transformação para o Brasil, e os participantes citaram suas preocupações quanto à perda de participação no Produto Interno Bruto (PIB) ano após ano.

CEOs discutem o futuro do aço

O painel “Futuro da Indústria Brasileira do Aço – a visão dos CEOs” encerrou a 30ª edição do Congresso Aço Brasil, sob o comando do presidente-executivo da entidade, Marco Polo de Mello Lopes.

O debate reuniu representantes das principais siderúrgicas instaladas no País, como o presidente-executivo da Ternium Brasil, Marcelo Chara; o diretor-presidente da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), Sergio Leite; o diretor-presidente da Villares Metals, Armin Andreas Wuzella; e o diretor-presidente da Gerdau, Gustavo Werneck.

O diretor-presidente da Usiminas, Sergio Leite, chamou atenção para o que se pode classificar como década perdida para o setor siderúrgico nacional. Isso porque, segundo ele, o País deixou de consumir mais de 50 milhões de toneladas de aço nos últimos seis anos e as empresas haviam se preparado para um Brasil que não aconteceu.

“O Brasil passou pela recessão mais longa e uma das mais profundas de sua história. A boa notícia é que o mercado já projeta recuperação com volta aos patamares pré-crise no terceiro trimestre de 2021. Mas, para isso, precisaremos das reformas e aprimoramentos institucionais”, destacou.

Já o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, falou das transformações que a indústria tem passado nos últimos anos e ressaltou que a companhia tem adotado uma série de medidas a fim de transformar também sua cultura e sua história.

“Passamos então a adotar uma agenda que contempla pessoas e cultura, digitalização e inovação, sustentabilidade e competitividade, dando nosso enfoque ao nosso propósito enquanto empresa”, afirmou.

* A repórter viajou a convite do Aço Brasil

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