Rio e São Paulo – A indústria brasileira encerrou o segundo trimestre em contração depois de a produção recuar em junho pela segunda vez seguida e no ritmo mais forte para o mês em três anos, em meio ao ritmo fraco da economia brasileira.
A produção industrial do Brasil contraiu 0,6% em junho na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
PUBLICIDADE
Esse é o quarto resultado negativo no ano e o pior para meses de junho desde 2016 (-1,1%)
Em relação a junho do ano anterior, houve perda de 5,9%, também o quarto dado negativo no ano e o mais fraco para o mês desde 2014.
Com esses resultados, a indústria terminou o segundo trimestre com contração de 0,7%, somando-se às perdas de 0,6% nos três primeiros meses do ano. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de quedas de 0,2% na variação mensal e 5,8% na base anual.
“Há claramente uma indústria perdendo fôlego. Embora possa haver sinais positivos para o mercado de trabalho e confiança, os resultados da indústria não têm nenhum sinal de uma recuperação no setor. Os sinais de junho não indicam qualquer possibilidade de uma reversão”, avaliou o gerente da pesquisa, André Macedo.
PUBLICIDADE
O IBGE informou que houve perdas generalizadas entre as categorias, sendo a mais acentuada em bens de consumo semi e não duráveis, de -1,2%.
Os segmentos de bens de consumo duráveis (-0,6%), de bens de capital (-0,4%) e de bens intermediários (-0,3%) também apresentaram recuo na produção em junho.
Entre os 26 ramos pesquisados, 17 tiveram queda, sendo as principais influências negativas produtos alimentícios (-2,1%), máquinas e equipamentos (-6,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%).
A indústria brasileira segue refletindo a morosidade da economia como um todo, prejudicada pela demanda doméstica em meio ao alto nível de desemprego ainda no País.
A mais recente pesquisa Focus do Banco Central mostra que a economia deve crescer este ano 0,82%, com a produção industrial expandindo 0,50%.
“O ambiente econômico até junho ainda tinha muita incerteza e a possibilidade de reformas não reverte na prática expectativas ou resultados do setor”, completou Macedo. (Reuters)
CNI aponta estagnação no primeiro semestre
Brasília – O primeiro semestre deste ano registrou estagnação na indústria brasileira, de acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado ontem. A pesquisa confirma o fraco desempenho da atividade industrial no País.
“O faturamento do setor teve queda de 1% na comparação com o mesmo semestre de 2018, as horas trabalhadas na produção ficaram estáveis, o emprego teve leve queda de 0,1%, a massa real de salários recuou 1,9% e o rendimento médio real do trabalhador diminuiu 1,8% na comparação com o primeiro semestre de 2018. A utilização média da capacidade instalada no primeiro semestre é 0,1 ponto percentual inferior ao mesmo período de 2018”, disse a CNI.
Os dados de junho mostram que de todos os indicadores industriais, apenas o faturamento registrou um índice positivo, os demais índices recuaram. De acordo com a CNI, depois da queda de 2,2% registrada em maio, o faturamento da indústria aumentou 0,3% em junho frente a maio na série livre de influências sazonais. A utilização da capacidade instalada caiu 0,7% frente e maio.
Já a massa real de salários diminuiu 0,7%, mesmo recuo apresentado pelo indicador de rendimento médio dos trabalhadores, que também recuou 0,7% em junho na relação com maio, na série dessazonalizada. Com a queda de junho, a massa real de salários reverteu o crescimento verificado nos dois meses anteriores e é 0,8% menor do que a de junho do ano passado.
As horas trabalhadas na produção tiveram uma leve queda de 0,1% em junho frente a maio na série dessazonalizada. O levantamento mostra ainda que o emprego ficou estável em junho. Os dados mostram que, nos últimos 12 meses, o indicador do emprego teve sete meses de estabilidade, quatro meses de queda e apenas um de crescimento.
“A indústria encerra o semestre sem avanços em termos de atividade e emprego. Fica evidente que, além das medidas estruturantes, de longo prazo, necessárias para um novo ciclo de crescimento, também são urgentes e críticas medidas de curto prazo para estimular a economia. A redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic foi um fundamental primeiro passo nesse sentido. Há espaço para novas quedas. Adicionalmente, medidas que facilitem e reduzam o custo do financiamento também seriam muito importantes”, disse o economista da CNI Marcelo Azevedo. (ABr)