Produção industrial recua pelo terceiro mês consecutivo

9 de outubro de 2021 às 0h29

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O setor alimentício em Minas, por exemplo, teve um recuo devido ao efeito direto da inflação | Crédito: ALISSON J. SILVA / Arquivo DC

A produção industrial em Minas Gerais registrou um recuo de 0,9% na passagem de julho para agosto. O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa aponta que no Estado o setor de veículos automotores e o de alimentos pressionaram a indústria a marcar a terceira taxa negativa seguida, com perda acumulada de 4,6%.

A Coordenadora de Pesquisas Econômicas de Minas Gerais, Cláudia Pinelli, avalia que este é o reflexo do período de incerteza econômica vivenciada no País. “Novamente observamos que o recuo na produção está ligado a incerteza econômica devido à alta na inflação, a mudança no comportamento do consumidor final, a elevação da taxa básica de juros e a inviabilidade na produção industrial devido à falta de alguns materiais em alguns segmentos”, pontua.

Cláudia Pinelli destaca que a pesquisa mostra que alguns setores que estavam com bons resultados durante a crise pandêmica, agora registram queda na produtividade. “O setor alimentício, por exemplo, teve um recuo devido ao efeito direto da inflação. Com isso, as famílias tiveram que mudar o comportamento, substituir marcas, o que afeta a indústria”, descreve.

Contramão

O setor automotivo, que também está sofrendo com a falta de entrega de matéria-prima, alcançou resultados positivos. “Foi o setor que mais sentiu no início da crise sanitária e, agora, apesar da demanda reprimida, com fila de espera para carros novos e taxa básica de juros elevada, o setor começa a contabilizar bons resultados”, salienta a pesquisadora.

Cláudia Pinelli acrescenta que, com o aumento do dólar, os insumos e a matéria-prima ficam com os custos muito elevados, o que acabam afetando as fábricas. Para o fim do ano, a pesquisadora avalia que apesar da falta de alguns insumos, a produção industrial, que abastece o varejo para o Natal, deverá crescer e o setor fechará o ano no positivo.

Esta avaliação é compartilhada pelo analista da gerência de Economia e Finanças Empresariais da Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Marcos Marçal. “Com a ampliação da vacinação, as pessoas deverão sair de casa para consumir e comprar os presentes natalinos. Esses últimos meses, a indústria de transformação começa a fazer as entregas para os empresários do comércio varejista e acreditamos que a indústria fechará o ano no positivo”, opina.

Marçal destaca que na comparação de julho a agosto, a indústria de transformação teve uma queda de 2,6% frente a 2,4%. O setor de veículos chegou a contabilizar perda de 10% para o mês de agosto conforme dados da Fiemg.

“Há escassez de componentes de metal, insumos para veículos. O setor químico também teve uma queda acentuada na produtividade devido à falta de insumos e sem a previsibilidade de normalidade”, explica.

O analista da Fiemg avalia que, devido ao fechamento do ano, a produção industrial voltará a crescer. “Apesar da falta de matéria-prima, a indústria de transformação está empenhada em entregar as encomendas para o comércio para a demanda do Natal. Porém, acredito que os consumidores, que já mudaram os hábitos de consumo, devido a alta da inflação, devem optar pelo setor de serviços nesse fim de ano, por exemplo, viagens, devido a ampliação da vacinação”, pontua Marçal.

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