Setor de serviços em MG despenca em 2020 com pandemia

12 de fevereiro de 2021 às 0h24

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Crédito: Nacho Doce/Reuters

Um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19, o setor de serviços em Minas Gerais registrou queda no mês de dezembro de 2020, com recuo de 1,7% na comparação com novembro do mesmo ano, na série com ajuste sazonal.

Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram resultado positivo no Estado no mesmo mês quando comparado com dezembro do ano anterior, com aumento de 1,7% no volume de serviços.

A supervisora de pesquisas econômicas em Minas Gerais do IBGE, Claudia Pinelli, destaca que a movimentação do setor está relacionada com as medidas adotadas em cada região do País na tentativa de conter a propagação da doença. “Em Minas, o setor tem apresentado mais dificuldade para conseguir indicadores positivos principalmente pela forma como o Estado tem enfrentado a pandemia”, ressalta.

Houve variação negativa no acumulado de janeiro a dezembro de 2020, frente a igual período do ano anterior: – 6,1%.

O resultado já era esperado, na avaliação de Claudia Pinelli, uma vez que diversos estabelecimentos ficaram fechados, seguindo as medidas de isolamento social como estratégia de combate à Covid-19.

“O setor ainda não conseguiu atingir níveis pré-pandemia e é o que tem apresentado maior dificuldade de recuperação. Por serem segmentos que dependem do público, como restaurantes, hotéis e viagens, as restrições de renda das famílias têm influenciado o desempenho do setor”, afirma.

Atividades – Três das cinco atividades pesquisadas alcançaram variações positivas em Minas Gerais na comparação com dezembro do ano anterior. O volume de serviços aumentou nos segmentos de Serviços profissionais, administrativos e complementares (9,6%), Outros serviços (54,9%) e Serviços de informação e comunicação (0,3%).

Com peso importante para o indicador do setor, a atividade de Serviços prestados às famílias teve a maior queda na base comparativa com o mesmo mês do ano anterior (-30,3%). “Enquanto as famílias estiverem passando por dificuldades, restrições de renda e geração de emprego, que temos observado, elas vão, de certa forma, restringir seu orçamento nas atividades de lazer e impactar diretamente esse setor”, explica Claudia Pinelli.

Ainda segundo o levantamento do IBGE, a atividade de Transportes, serviços auxiliares ao transporte e correio também apresentou resultado negativo (-1,2%) quando comparada com dezembro de 2019.

Na variação acumulada no ano, apenas as atividades de Serviços profissionais, administrativos e complementares (2,7%) e Outros Serviços (5,4%) apresentaram variações positivas, segundo a pesquisa do IBGE.

País fecha ano com maior perda da série histórica

São Paulo/Rio de Janeiro – O volume de serviços no Brasil recuou em dezembro e interrompeu seis meses de ganhos, terminando o ano de 2020 com a maior perda da série histórica e abaixo dos níveis pré-pandemia diante do impacto das medidas de isolamento devido à Covid-19 em um setor dependente do contato social.

Atividade mais afetada pelas medidas de contenção ao coronavírus, o volume de serviços registrou em dezembro recuo de 0,2% na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação a dezembro de 2019, houve de perda de 3,3%, 10ª taxa negativa nessa base de comparação. Os resultados foram piores do que as expectativas em pesquisa da Reuters, que eram de uma alta de 0,4% na comparação mensal e de baixa de 2,6% na base anual.

Com isso, o ano de 2020 marcou o pior resultado para os serviços no Brasil da série histórica iniciada em 2012 nesse tipo de indicador (-7,8%), superando a retração de 5% em 2016 e após estabilidade em 2018 e ganho de 1,0% em 2019.

“É um segmento que depende do consumo presencial e as restrições impostas afetaram de forma diferenciada o setor. Isso fez com que serviços, dentro dos grandes grupos da economia, tenha tido o pior desempenho”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Além disso, o setor ainda se encontra 3,8% abaixo do patamar de fevereiro, quando as medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19 ainda não haviam sido adotadas. E terminou o ano operando num patamar equivalente a maio de 2018, quando ocorreu a greve de caminhoneiros, segundo o IBGE.

Altamente dependente do contato presencial, o setor de serviços é o que mais apresenta dificuldades de reação depois das fortes perdas causadas pela pandemia de Covid-19.

Além das medidas de isolamento e do aumento no número de mortes no País, o desemprego elevado também se apresenta como desafio para os empresários de serviços, bem como o fim do pagamento do auxílio emergencial no final do ano passado.

De acordo com Lobo, indicadores antecedentes já apontam para redução dos serviços em janeiro devido ao aumento dos casos de Covid-19 e das restrições.

“O mais importante para a retomada do setor de serviços é uma vacinação em massa da população, e é impossível dissociar a reação da questão sanitária. Isso vai tirar o receio das pessoas e aumentar a circulação delas, com maior consumo”, afirmou Lobo.

Quedas recordes – Em 2020, os setores que mais impactaram a queda são os ligados às atividades presenciais, como serviços prestados às famílias (-35,6%), os profissionais, administrativos e complementares (-11,4%) e os transportes (-7,7%), que tiveram quedas recordes no período.

“As restrições afetaram bares, restaurantes, hotelaria, transportes e afins. Todos dependem do consumo presencial”, explicou Lobo. “O setor de serviços sentiu mais que os demais por conta do caráter presencial que foi afetado pelas restrições impostas pela pandemia”.

O único setor que teve resultados positivos em 2020 foi o de outros serviços, com alta de 6,7%, devido ao aumento das receitas das empresas que atuam nos segmentos de corretoras de títulos, valores mobiliários e mercados e administração de bolsas e mercados de balcão organizados. (Reuters)

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