Vendas de combustíveis sobem 8,3% em MG
20 de novembro de 2020 às 0h17
Em Minas Gerais, as vendas de combustíveis avançaram 8,3% em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No Estado, foram comercializados 1,3 milhão de metros cúbicos no período. Em relação a agosto, houve um crescimento de 3,7%.
Apesar das altas, no acumulado do ano, as vendas ainda estão 5,6% menores frente aos nove primeiros meses de 2019, reflexo das medidas de isolamento social impostas para o controle da pandemia de Covid-19. De janeiro a setembro de 2020, já foram comercializados 10,5 milhões de metros cúbicos de combustíveis.
As altas verificadas na comparação com setembro de 2019 e com agosto indicam uma retomada em meio à flexibilização das medidas de isolamento. Mas o setor ainda está receoso frente à possibilidade de uma segunda onda da doença, o que pode causar uma nova suspensão de atividades econômicas.
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, após os primeiros meses de isolamento social, o que derrubou significativamente o consumo de combustíveis, a demanda vem crescendo mês a mês e a expectativa é de encerrar 2020 com volumes próximos aos comercializados em 2019.
“A recuperação do setor de combustíveis está ocorrendo em V. As vendas caíram muito em março, abril e maio. Mas, a partir de junho, a comercialização começou a recuperar. No fechamento de outubro, podemos dizer que o volume ficou praticamente igual ao registrado antes da pandemia”, explicou.
Ainda segundo Guimarães, a possibilidade de uma nova onda da pandemia de Covid-19 deixa o setor muito cauteloso.
“A possibilidade de uma nova onda nos preocupa, porque pode haver suspensão das atividades novamente. Com o fechamento de várias atividades nos primeiros meses da pandemia e as incertezas, o setor passou por momentos muito difíceis. Com queda no faturamento, que ficou em cerca de 50%, as empresas precisaram demitir. Agora, com o avanço da flexibilização, houve aumento da demanda e recontratações. Uma nova onda da doença poderia prejudicar novamente o setor”, disse.
Volumes negociados – De acordo com os números da ANP, a comercialização de diesel atingiu 657,6 mil metros cúbicos no mês, alta de 10,3% frente a setembro de 2019. O volume foi o maior registrado no ano. No acumulado dos primeiros nove meses de 2020, a comercialização de diesel ficou praticamente igual à registrada no mesmo período de 2019, com pequena retração de 0,3% e somando 5,16 milhões de metros cúbicos.
As vendas de gasolina comum atingiram 280,9 mil metros cúbicos em setembro, avanço de 7,6%, frente ao mesmo intervalo do exercício passado, e de 6,46% na comparação com agosto. O resultado de vendas foi o mais expressivo desde janeiro. De janeiro a setembro, foram vendidos 2,3 milhões de metros cúbicos do combustível, queda de 5% frente ao mesmo período do ano passado.
Em relação ao etanol, as vendas por distribuidoras totalizaram 245,8 mil metros cúbicos em setembro, queda de 9,59% na comparação com setembro anterior. Apesar da retração, o volume foi o segundo maior comercializado no ano, perdendo apenas para janeiro, quando foram vendidos 264,5 mil metros cúbicos. Já em relação a agosto, houve um avanço de 9,53%. No ano, já foram comercializados 1,9 milhão de metros cúbicos de etanol, volume 15,7% inferior ao registrado nos nove primeiros meses de 2019.
Programa alcança 15 milhões de CBios
São Paulo – O programa RenovaBio, que estabelece metas de descarbonização na distribuição de combustíveis, atingiu ontem a marca de 15 milhões de créditos de descarbonização (CBios) validados, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em momento em que o programa enfrenta questionamentos jurídicos.
Essa quantidade garante a disponibilidade de CBios para o cumprimento total da meta de 14,9 milhões de créditos estabelecida pelo governo para os anos de 2019 e 2020, destacou a ANP, classificando a marca como de “especial relevância”.
Segundo a reguladora, as distribuidoras de combustíveis – partes obrigadas a cumprir metas individuais de compras de CBios – adquiriram até o momento 8,3 milhões de créditos, o que equivale a cerca de 56% da meta total.
Em 2020, o RenovaBio teve suas metas iniciais reduzidas pela metade pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em função dos impactos da pandemia de Covid-19 sobre o setor de distribuição de combustíveis.
Distribuidoras, no entanto, foram à Justiça com o intuito de cumprir neste ano apenas 50% das metas atuais, o equivalente a 25% dos objetivos originais revisados por causa da pandemia.
Diante do pouco tempo para o final do ano e da comercialização ainda reduzida de CBios frente ao objetivo, companhias de distribuição alegaram uma disparada nos preços dos créditos e o represamento de vendas pelos produtores para solicitar uma liminar.
A medida foi concedida, mas, dias depois, a ANP informou que conseguiu sua cassação, mantendo em vigor a meta de comercialização de 14,5 milhões de CBios em 2020 – o restante do volume informado pela reguladora ontem remete ao ano anterior.
Segundo a assessoria de imprensa da Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom), que havia conquistado a liminar reduzindo os objetivos de CBios, a entidade ainda pretende recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra essa cassação.
Na semana passada, o Ministério de Minas e Energia reafirmou “apoio integral” ao RenovaBio.
Unica – Já a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), representante de usinas do Centro-Sul, principal região produtora de etanol do Brasil, disse, em nota, que a marca de 15 milhões de CBios mostra o “comprometimento do setor” com a sociedade e com as metas de redução de emissões.
“O RenovaBio é baseado na transparência, na previsibilidade e em regras de mercado. Todos os agentes sabem o que é esperado deles a cada ano, da oferta de biocombustível certificado à compensação de emissões por meio da compra de CBios”, afirmou o presidente da Unica, Evandro Gussi. (Reuters)