Caixa reduz taxas de juros e pausa contratos por 60 dias

20 de março de 2020 às 0h10

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Crédito: Charles Silva Duarte Usada em 20-08-19 Usada em 21-10-19 Usada em 23-01-20

Brasília – A Caixa Econômica Federal anunciou ontem novas medidas de enfrentamento ao coronavírus. Segundo o banco, o objetivo é reduzir os impactos frente ao cenário de queda no índice de produtividade e diminuição da atividade econômica, causados pelas ações de contenção e temor à propagação do coronavírus.

Concomitante à queda da taxa básica de juros, a Selic, o banco informou que reduziu as taxas de juros de linhas de crédito e ofereceu pausa por até 60 dias para contratos de pessoa física e jurídica, inclusive contratos habitacionais. A pausa nos contratos já havia sido anunciada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e é válida para os cinco maiores bancos do País: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que novas medidas poderão ser anunciadas pelo banco e o prazo de 60 dias de pausa nos contratos de crédito pode ser ampliado se houver necessidade. “Se, por acaso, essa crise continuar e for maior, a Caixa ampliará os prazos. E estaremos avaliando todo o dia, toda a semana, o impacto (do coronavírus)”, disse em uma transmissão ao vivo pelo Facebook ontem.

Guimarães afirmou que a Caixa tem condições de ampliar a oferta de crédito no atual momento de crise. “Temos tanto dinheiro para empresar e base de capital para suportar esse crescimento do crédito. Essas medidas foram pensadas e estamos muito tranquilos. Temos foco em micro e pequenas empresas, na pessoa física e nos hospitais, em especial as santas casas”, destacou.

Pessoas físicas – Para as pessoas físicas, há a possibilidade de pausa de até 60 dias nas operações parceladas de crédito pessoal. O banco também anunciou a ampliação das linhas de crédito consignado, incluindo as linhas para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Outra medida é a redução de taxa de juros nas linhas de crédito pessoal: crédito consignado a partir de 0,99% ao mês, penhor a partir de 1,99% ao mês e crédito direto ao consumidor (CDC) a partir de 2,17% ao mês.

Há ainda a disponibilização gratuita do cartão virtual de débito Caixa aos mais de 100 milhões de correntistas e poupadores, que possibilita compras online nos sites de e-commerce. O cliente pode habilitar o uso do cartão diretamente no Internet Banking.

“A Caixa está focada em oferecer para os seus clientes soluções tecnológicas para que a necessidade de ir pessoalmente à agência seja menor”, afirmou Guimarães.
A Caixa também permitirá a renovação do contrato de penhor diretamente no site do banco e canal telesserviço, evitando a necessidade de o cliente comparecer a uma agência bancária.

Empresas – A Caixa dará apoio às micro e pequenas empresas, com redução de juros de até 45% nas linhas de capital de giro, com taxas a partir de 0,57% ao mês. A carência de até 60 dias nas operações parceladas de capital de giro e renegociação também é válida para essas empresas.

Também foram disponibilizadas linhas de crédito especiais, com até seis meses de carência, para empresas que atuam nos setores de comércio e prestação de serviços, mais afetadas pelo momento atual.

Segundo a Caixa, as linhas de aquisição de máquinas e equipamentos estão com taxas reduzidas e até 60 meses para pagamento.

Habitação – Para contratos habitacionais de pessoa física, os clientes poderão solicitar a pausa estendida de até duas prestações pelo aplicativo Habitação Caixa, sem a necessidade de comparecimento às agências.

Empresas também poderão solicitar pausa estendida de até duas prestações em seus contratos habitacionais.

Santas casas – Serão liberados mais R$ 3 bilhões em orçamento em linhas destinadas a santas casas e hospitais filantrópicos que prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS) para reestruturação de dívidas e novos recursos. Segundo o presidente da Caixa, o total desse tipo de financiamento subirá de R$ 75 bilhões para R$ 78 bilhões.

A taxa de juros dos financiamentos serão de 0,80% ao mês para prazos de até 60 meses (redução de 14%). E para até 120 meses, a taxa será de 0,87% ao mês (redução de 23%). Também haverá carência de até seis meses.

Voucher – Sobre o pagamento do voucher (cupom) para proteger os trabalhadores informais, as pessoas sem assistência social e a população que desistiu de procurar emprego, Guimarães afirmou que ainda está sendo discutido como será feita a distribuição. Ele disse, entretanto, que o trabalho será feito por agências, lotéricas, correspondentes e online. (ABr)

Dólar tem maior queda diária desde outubro de 2018

São Paulo – O dólar registrou a maior queda diária no Brasil em 17 meses ontem, descendo à casa de R$ 5,10, com o Banco Central (BC) ativo em intervenções no mercado de câmbio, em um dia de trégua nas praças globais à medida que investidores analisaram ações de governos e BCs para garantir liquidez ao sistema financeiro.

O real figurou entre as moedas de melhor desempenho na sessão. Pela manhã, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) anunciou o estabelecimento de linhas de swap no valor de US$ 60 bilhões com o BC brasileiro.

O Fed também informou que está disponibilizando essas linhas a BCs de outros países emergentes, em um esforço para garantir liquidez em um momento em que a busca por segurança tem feito o dólar disparar em todo o mundo.

Na Ásia, o BC da Austrália anunciou um programa de flexibilização quantitativa, enquanto na Europa o banco central do Reino Unido cortou os juros e reforçou seu programa de compras de ativos.

O BC da zona do euro informou, na quarta-feira, um programa de compra de ativos de mais de 700 bilhões de euros. Todas essas medidas vêm na sequência de outras já anunciadas pelo Fed e outros bancos centrais, e a série de ações parece começar a acalmar os nervos dos mercados.

Notícias sobre maior urgência do governo norte-americano em aprovar remédios em teste contra o coronavírus também colaboraram para a trégua. O S&P 500, índice de referência da Bolsa de Nova York, subiu 0,47%.

No Brasil, o mercado avalia o tamanho das intervenções do BC no mercado de câmbio. A autoridade monetária vendeu ontem, entre operações de dólar à vista e linhas com recompra, US$ 2,635 bilhões, depois de, na quarta-feira, injetar US$ 2,860 bilhões nesses mesmos instrumentos. “O BC tem estado mais ativo”, disse o Morgan Stanley em nota.

O BC tem atraído críticas de alguns agentes financeiros por, segundo eles, aparentar receio de utilização de instrumentos para atuar no câmbio e não demonstrar suficiente preocupação com a rápida valorização do dólar.

O dólar à vista fechou em baixa de 1,83%, a R$ 5,1041 na venda. É a maior desvalorização percentual diária desde 8 de outubro de 2018 (-2,35%). No ano, o dólar ainda salta 27,19%.

No mercado de dólar futuro da B3, o contrato de vencimento mais curto tinha desvalorização de 0,49%, a R$ 5,0825.

B3 – Já o Ibovespa fechou em alta, ajudado pelas ações da Petrobras e busca por barganhas, em uma trégua nas fortes quedas recentes que fizeram o índice tocar mínima intradia desde julho de 2017.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,15%, a 68.331,80 pontos, após atingir 61.690,53 pontos no pior momento da sessão e 70.071,33 pontos na máxima. O volume financeiro no pregão somou R$ 34,38 bilhões.

Na semana, porém, o Ibovespa acumula perda de cerca de 17%, com o desempenho no ano negativo em mais de 40%. (Reuters)

Autoridades globais tentam diminuir pânico no mercado

Hong Kong – Autoridades financeiras mundiais tentavam restaurar a confiança ontem com medidas de emergência para injetar dinheiro em mercados em pânico, e investidores de todas as partes liquidaram ativos, preferindo o dólar em meio à pandemia crescente de coronavírus.

Formuladores de políticas dos Estados Unidos, Europa e Ásia cortaram as taxas de juros e abriram as torneiras da liquidez para estabilizar economias quase em estado de coma, tendo em vista os consumidores em quarentena, as cadeias de suprimento interrompidas, os transportes paralisados e as lojas desabastecidas.

Enquanto ministros das Finanças e chefes de bancos centrais adotavam estratégias semelhantes, mercados e países cujas fronteiras estão sendo fechadas e cidades submetidas a interdições ficaram ainda mais alarmados pela troca de farpas entre os Estados Unidos e a China.

Em todo o mundo, já foram reportados quase 219 mil casos de coronavírus, incluindo mais de 8.900 mortes ligadas à doença. Mais de 20 mil destes casos foram relatados nas últimas 24 horas, um novo recorde diário.

A China, onde a epidemia surgiu em dezembro, proporcionou um vislumbre de esperança ao anunciar que não teve mais nenhuma transmissão local do vírus.

Se a crise econômica desencadeada pela pandemia faz estragos nos mercados de ações, quase todas as moedas, exceto o euro e o porto seguro do iene, despencaram diante do dólar.

O Banco Central Europeu (BCE) emitiu novas compras de títulos no valor de 750 bilhões de euros em uma reunião de emergência realizada na noite de quarta-feira, uma tentativa de evitar uma recessão profunda que ameaça superar a crise financeira global de 2008-09.

“Tempos extraordinários exigem ações extraordinárias”, disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em meio ao receio de que as tensões da crise florescente possam destroçar a zona do euro como bloco de moeda única.

O BC norte-americano lançou seu terceiro programa de créditos de emergência em dois dias, com a meta de manter a indústria dos mercados de fundos mútuos de US$ 3,8 trilhões funcionando se os investidores fizerem retiradas rápidas.

Economistas da J.P. Morgan previram que a economia norte-americana encolherá 14% no próximo trimestre e a chinesa mais de 40% no atual, um dos prognósticos mais dramáticos da possível escala das consequências até o momento. (Reuters)

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