Dívida pública federal recua e atinge R$ 4,2 tri

29 de abril de 2020 às 0h09

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Crédito: Marcos Santos/USP imagens

Brasília – A dívida pública federal do Brasil caiu 1,55% em março sobre fevereiro, a R$ 4,215 trilhões, em um mês marcado por perda de referência de preços de negociação, falta de liquidez e um forte fluxo vendedor de títulos públicos, especialmente de fundos de investimento e de estrangeiros, disse o Tesouro Nacional ontem.

Dado o cenário de volatilidade por conta da crise com a pandemia do novo coronavírus, o Tesouro optou por emitir volumes “consideravelmente menores”, buscando evitar a adição de risco aos mercados, conforme assinalou em nota à imprensa.

“A flexibilidade nas emissões é possível devido ao colchão de liquidez da dívida pública, o qual atualmente se encontra em níveis superiores a 6 meses de vencimentos”, afirmou.

O Tesouro cancelou leilões dos dias 12 e 19 de março e realizou leilões extraordinários entre os dias 12 e 25 do mesmo mês em atuação conjunta com o Banco Central. As taxas médias dos leilões no período refletiram, segundo o Tesouro, o aumento de inclinação da curva de juros futuros no período para níveis “historicamente elevados”, na esteira da desvalorização cambial e pelo sentimento de aversão ao risco em nível global.

Essas ações extraordinárias do Tesouro tiveram como consequência a recompra de R$ 35,56 bilhões e venda de R$ 2,47 bilhões em títulos públicos, concentrados em vencimentos de médio e de longo prazo, prefixados e indexados à inflação.

Só a dívida mobiliária interna caiu 2,28% no período, a R$ 4,007 trilhões, por conta de resgate líquido de R$ 121,88 bilhões e apropriação positiva de juros de R$ 28,43 bilhões. O total de emissões, no valor de R$ 21,58 bilhões, foi o menor desde maio de 2010.

Já a dívida externa subiu 15,03% na mesma base de comparação, afetada pela oscilação do dólar frente ao real, chegando a R$ 208,29 bilhões.

No mês, a participação de estrangeiros na dívida interna caiu a 9,82%, frente a 10,93% em fevereiro, após uma redução de R$ 54,59 bilhões no estoque. Com isso, chegou ao seu menor nível desde fevereiro de 2010, quando ficou em 9,81%.

Percepção de risco – Em relação a abril, o Tesouro destacou que a percepção de risco de emergentes voltou a se deteriorar, com o CDS Brasil de 5 anos subindo 35,7%, a 374 pontos, piora superior à observada para o México, Colômbia e Peru.

“Nos juros locais, a curva manteve o ganho de inclinação, com os vencimentos mais curtos bem ancorados pela política monetária e os mais longos reagindo à alta do dólar, assim como a incertezas nos mercados doméstico e internacional”, disse.

Em abril, o Tesouro realizou somente um leilão de títulos prefixados longos (NTN-F), com lotes pequenos e que foram integralmente vendidos. Na nota, o Tesouro destacou que, em períodos de volatilidade alta, as taxas de juros de prazos mais longos tendem a subir, razão pela qual opta por reduzir as ofertas e aguardar a estabilização do mercado, para evitar um aumento no custo de financiamento da dívida.

O Tesouro afirmou ainda que segue acompanhando a evolução dos indicadores de mercado, podendo atuar sempre que observar disfuncionalidades nos negócios, mitigando efeitos adversos sobre o mercado de títulos públicos e outros mercados correlatos.

O Tesouro também disse que irá publicar seu novo Plano Anual de Financiamento (PAF) e um novo cronograma de leilões “tão logo as incertezas nos mercados diminuam, permitindo a realização de projeções em horizontes mais longos”. (Reuters)

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