Ibovespa avança mais de 7% em maior alta desde 2009

11 de março de 2020 às 0h13

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Índice referência do mercado acionário brasileiro recuperou parte das perdas de segunda-feira (9) | Crédito: Paulo Whitaker/ Reuters

São Paulo – O Ibovespa teve nessa terça-feira (10) a maior alta diária desde 2009, recuperando parte das perdas da segunda-feira (9), quando teve o pior dia em mais de duas décadas, apoiado em correções técnicas e expectativas de ações coordenadas de autoridades globalmente para proteger as economias dos efeitos do surto de coronavírus.

As ações da Petrobras também mostraram melhora, após tombo de quase 30% na véspera, mas foram os papéis da Vale que se destacaram, com salto de mais de 18%.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 7,14%, a 92.214,47 pontos, na máxima da sessão, maior alta percentual diária para fechamento desde 2 de janeiro de 2009. O giro financeiro somou R$ 39,6 bilhões.

Na segunda-feira, o Ibovespa fechou com queda de 12,17%, no pior dia na bolsa em mais de duas décadas, marcado por circuit breaker, conforme decisões da Arábia Saudita derrubaram os preços do petróleo e adicionaram preocupações a um mercado já fragilizado pelo surto do coronavírus.

Na segunda à noite, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, disse que tomará importantes medidas para proteger a economia do país contra impactos da disseminação do coronavírus. O governo do Japão afirmou que planeja gastar mais de US$ 4 bilhões em um segundo pacote de ações para lidar com o vírus.

Fed – Agentes financeiros também estão na expectativa da reunião de política monetária do Federal Reserve, na próxima semana, com grande parte apostando que o banco central voltará a cortar o custo do dinheiro nos EUA, em um esforço para apoiar a economia contra crescentes incertezas globais.

“A perspectiva de maiores gastos do governo está ajudando investidores a ignorar a ampliação nas medidas de contenção que reduzirão a atividade econômica”, destacou o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, destacando entre as medidas as restrições de deslocamento na Itália.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 4,9%.

Os preços do petróleo avançaram ontem, com o Brent fechando em alta de 8,3%, a US$ 37,22 o barril, após registrar a maior queda em quase 30 anos na véspera, diante da possibilidade de estímulos econômicos e sinais da Rússia de que conversas com a Opep seguem possíveis.

Mas profissionais do mercado alertam que o cenário ainda é bastante incerto e a volatilidade tende a seguir elevada.

“Investidores continuam avaliando os riscos que surgiram, incluindo o surto do coronavírus, a forte queda nos preços do petróleo, as pressões no mercado de crédito e uma reação morna à surpresa positiva da política monetária da semana passada”, afirmou o Goldman Sachs em nota a clientes.

Dólar em queda – A moeda americana sofreu ontem a maior queda diária em seis meses, voltando à casa de R$ 4,64 diante de uma combinação de alívio externo e atuação do Banco Central, após na segunda-feira a cotação ter flertado com a marca de R$ 4,80 e batido novo recorde histórico.

O dólar à vista encerrou em baixa de 1,69%, a R$ 4,6457 na venda, maior baixa diária desde 4 de setembro de 2019 (-1,79%). (Reuters)

Presidente mostra preocupação com “crise”

Miami – Apesar de ter minimizado a crise que derrubou os mercados, na segunda-feira, o presidente chegou a mostrar preocupação a membros da sua comitiva e pediu ao ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que acelerasse a apresentação das medidas que o governo prepara para tentar compensar mudanças bruscas no preço internacional do petróleo, contaram à Reuters duas fontes que acompanham a viagem presidencial.

“O presidente nos disse que, assim que chegar, vai chamar uma reunião com o ministro Guedes (Economia) e o ministro Bento” para analisar as medidas, relatou uma das fontes.
Durante sua viagem em Miami, Bolsonaro minimizou por duas vezes a crise dos mercados, chegando a dizer ontem que o acontecido “não era uma crise”.

No entanto, fontes ouvidas pela Reuters que estavam com o presidente em sua comitiva, contaram que Bolsonaro acompanhou com atenção as informações do mercado. A instrução, no entanto, era demonstrar tranquilidade.

Na segunda, depois de falar diretamente com Bolsonaro, Bento Albuquerque informou aos jornalistas que os estudos para as medidas de compensação às variações do preço do petróleo devem ser apresentados ao presidente ainda esta semana, mas não há nenhuma decisão tomada.

Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, Bolsonaro demonstrou preocupação com a queda nas ações da Petrobras, mas espera ver a queda nos preços chegar aos combustíveis – algo que repetiu ontem.

No final do dia, no entanto, Bolsonaro estava convencido de que era uma crise passageira e que os mercados iriam se recuperar. À noite, foi jantar com parte da comitiva em uma Casa de Massas, em Miami, para comer um de seus pratos favoritos, massa à bolonhesa. (Reuters)

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