São Paulo – A bolsa paulista teve uma sessão volátil ontem, com seu principal índice chegando a tocar 101 mil pontos antes de perder força à tarde, tendo de pano de fundo perdas em Wall Street em meio a preocupações com o embate comercial EUA-China.
O Ibovespa caiu 0,94%, a 99.680,83 pontos. O volume financeiro da sessão somou R$ 17,4 bilhões.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ontem que será “mais duro” nas negociações com a China em um segundo mandato se as discussões comerciais se arrastarem, aumentando os temores do mercado de que a guerra comercial possa desencadear uma recessão nos EUA.
Em Wall Street, o S&P 500 cedeu 0,68%, também afetado pelo setor manufatureiro dos EUA, que encolheu em agosto pela primeira vez desde 2016.
No Brasil, a produção industrial caiu em julho, no terceiro mês seguido de queda e no pior desempenho para o mês em quatro anos, indicando um começo de trimestre ruim.
Para Eduardo Guimarães, da Levante Investimentos, o viés negativo nas bolsas norte-americanas pesou sobre o Ibovespa, também afetado pelo mergulho do índice Merval na Argentina e pelos dados da produção industrial nacional.
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A equipe de análise técnica do Itaú BBA observou que o Ibovespa não superou a forte resistência em 101.500 pontos.
“Se conseguir superar, sairá da tendência de baixa e o movimento de alta ganhará novo impulso”, afirmou em nota a clientes.
Câmbio – O dólar encerrou em leve queda frente ao real ontem, em dia em geral positivo para as moedas emergentes, com investidores de olho nos desenvolvimentos da disputa comercial entre Estados Unidos e China e nas atuações do Banco Central no câmbio.
O dólar à vista teve queda de 0,09%, a R$ 4,1798 na venda. O dólar futuro de maior liquidez mostrava desvalorização de 0,13%, a R$ 4,1870.
A moeda norte-americana também se desvalorizava cerca de 1,35% contra a lira turca e 0,9% contra o rand sul-africano.
O noticiário sobre as negociações comerciais permaneceu em foco na sessão, com o vice-premiê da China, Liu He, dizendo que a China se opõe firmemente a uma guerra comercial, pois não é boa para ela, para os EUA e para o mundo, de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.
O presidente dos EUA, Donald Trump, por sua vez, afirmou que as negociações com a China estão “indo muito bem”, mas alertou que será “mais duro” nas negociações com a China em um segundo mandato se as discussões comerciais se arrastarem.
“A guerra comercial entre EUA e China é o que tem tirado o sono dos mercados de todo mundo. Enquanto não tivermos uma resolução sobre isso, teremos uma precificação diária baseada nas movimentações dessa disputa”, afirmou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
O real, no entanto, foi mais pressionado pela cautela dos investidores diante das atuações do Banco Central no mercado de câmbio.
Para Galhardo, o mercado está em dúvida sobre qual é a intenção do BC para a taxa de câmbio e isso acaba atraindo uma ponderação em torno do ativo.
“Não sabemos se a intenção dele (do BC) é ter um dólar desvalorizado e deixar a exportação se beneficiar com isso ou baixar a taxa.”
O Banco Central tem realizado diariamente leilões de dólar à vista, swaps cambiais reversos e swaps cambiais tradicionais. Para setembro, a autarquia afirmou que as operações visam trocar US$ 11,6 bilhões de swap tradicional para dólar spot. (Reuters)