Investidores ainda estão cautelosos com o Brasil

21 de setembro de 2019 às 0h04

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Crédito: Brendan McDermid / Reuters

Nova York – Investidores estrangeiros esperam resultados objetivos da agenda econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL) antes de colocar dinheiro no Brasil, mas a crise da Amazônia está atrasando ainda mais a aposta no País.

Analistas dizem que, nas últimas semanas, dúvidas sobre as queimadas e o desmatamento na floresta estavam presentes em pelo menos 70% das conversas com investidores nos EUA e na Europa. O baixo crescimento da economia brasileira, porém, é o principal motivo para afastar o aporte de recursos no País.

“O Brasil tem boas perspectivas, mas o fato é que a economia ainda não reagiu. Muita gente pensa que esperou até agora [para investir], que o Brasil parece um emergente melhor, mas os números não estão lá para provar isso”, afirma o chefe de pesquisa de ações para a América Latina do BTG Pactual, Carlos Sequeira.

Apesar do avanço da reforma da Previdência no Congresso, as previsões do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil estão abaixo de 1% para este ano e, para 2020, o índice está em torno de 2%. Os dados estão acompanhados de baixa produtividade e pouco estímulo fiscal, o que afugenta investidores externos.

De acordo com os especialistas, a mensagem é que o Brasil vai crescer devagar, mas continuamente, e que logo as reformas e abertura de mercado propostas pela equipe econômica vão ter reflexo nos números macroeconômicos.

A avaliação é que a confiança dos investidores em relação ao País tem aumentado, mas, com a escalada da crise da Amazônia, foi preciso acrescentar à retórica otimista mais explicações para tentar manter o quadro.

Na quarta (18), 230 fundos de investimento, que juntos administram cerca de US$ 16 trilhões (R$ 65 trilhões), pediram ao Brasil que adote medidas eficazes para proteger a região da floresta.

Chefe de renda variável para a América Latina do BTG Pactual, Will Landers diz que os esclarecimentos recorrentes dissipam as preocupações e evitam impacto maior em possíveis investimentos.

Diversos analistas avaliam que não haverá uma enxurrada de capital estrangeiro no Brasil – como era esperado após a eleição de Bolsonaro, mas que o cenário de crescimento pequeno, porém, constante pode se converter logo em investimentos.

Nenhum deles arrisca uma data para que isso aconteça, mas Landers, por exemplo, diz que o Brasil deve recuperar seu grau de investimento entre 2021 e 2022, o que seria mais um estímulo para o aporte de capital externo.

Os especialistas dizem ainda que a possibilidade de recessão global é outro ingrediente na carteira de investidores que evitam o Brasil.

Quando o mundo entra em desaceleração, países emergentes são os mais afetados e, segundo analistas, a percepção é maior do que qualquer agenda liberal que agrade a empresários e investidores.

“Quando o investidor estrangeiro fala que tem que tirar o risco da mesa, [investir no] emergente é esse risco”, conclui Sequeira. (Folhapress)

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